O Metrô desistiu, pelo menos por ora, de ampliar o número de
estacionamentos integrados com as estações da rede, o programa E-Fácil.
Oficialmente, a empresa diz que o projeto ainda está em estudos preliminares - a
promessa de 2009 era de que as novas unidades seriam entregues em 2010. Técnicos
da companhia dizem que, dada a superlotação da rede, oferecer esse serviço
deixou de ser uma prioridade.
A vantagem do E-Fácil para o usuário é o preço. Por valores que não passam de
R$ 12,10 por 12 horas, o motorista deixa o carro em um dos estacionamentos do
programa e ganha direito à passagem de ida e de volta no metrô - por meio de um
bilhete único especial, que permite até a integração tarifária com os ônibus da
rede municipal. Há também a economia de tempo que o metrô proporciona frente ao
trânsito.
“Eu trabalho no centro (de São Paulo), estudo em São Bernardo do Campo e moro
em Diadema. Só o estacionamento perto do meu trabalho, na Rua Xavier de Toledo,
é R$ 400 por mês. Aqui, além de mais barato, a viagem fica mais ou menos meia
hora mais rápida”, conta o projetista civil Filipe Costa Feitosa, de 22 anos,
usuário do E-Fácil da Estação Santos-Imigrantes, da Linha 2-Verde, na zona
sul.
Por outro lado, há a superlotação do metrô, que repele uma parcela dos
moradores da cidade que já possuem automóvel. O entendimento da companhia,
segundo técnicos, é de que só depois de a rede ser aumentada e ficar menos cheia
é que esse estímulo extra para atrair passageiros poderá ser retomado.
Os seis estacionamentos existentes do programa foram inaugurados entre 2009 e
2010. Dos quatro locais novos prometidos pelo Metrô depois disso, apenas um foi
feito - e não é um estacionamento “novo”, mas sim a ampliação de um dos
estacionamentos que já existia, na Estação Santos-Imigrantes, da Linha 2-Verde,
na zona sul. Faltam as Estações João Bosco, da Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM), e Belém e Tamanduateí do Metrô.
Na resposta oficial sobre o atraso da ampliação do programa, a Companhia do
Metropolitano de São Paulo informa, em nota, que “existem estudos preliminares
para analisar se há demanda para a implementação de estacionamentos próximos às
demais estações citadas”. A dúvida sobre a procura pode ser justificada pela
análise dos números de ocupação dessas garagens.
As Estações Corinthians-Itaquera, Santos-Imigrantes, do Metrô, e Guaianases,
da CPTM, fora do centro expandido da capital paulista (ou, no caso da
Imigrantes, encravada em uma das rotas de acesso à cidade) tem a lotação média
diária acima do número de vagas existentes nelas. Em Itaquera, são 350 carros
por dia disputando 257 vagas e em Santos-Imigrantes, são 315 carros e 241
vagas.
Vazias. Já nas estações da região central, a procura é muito
menor: na Estação Bresser-Mooca, a média é de 17 usuários nas 195 vagas
existentes naquele espaço, enquanto na Estação Brás há apenas 65 carros por dia
ocupando as 195 vagas existentes.
O Metrô não quis dar detalhes sobre o motivo de uma promessa feita em 2010
ainda estar na fase de estudos “preliminares”.
Mas informou que a função da
companhia é oferecer um “transporte de massa”. Segundo a assessoria de imprensa
do Metrô, a criação de estacionamentos está condicionada à existência de
terrenos para abrigar as paradas e ao interesse de empresas privadas em explorar
o serviço.