RIO - A maioria dos brasileiros que vivem em cidades com população acima de 100 mil habitantes diz não ser atendida pelo transporte público em todas as oportunidades necessárias. Segundo estudo de percepção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 61% delas não confiam na eficiência do serviço em todos os momentos. Com opinião contrária, apenas 25% dos entrevistados afirmaram ter acesso ao transporte quando precisam. A pesquisa também constatou que 41% das pessoas que moram em cidades grandes consideram o transporte público "ruim" ou muito "ruim", contra 30% que acham "muito bom" ou "bom".
As respostas coletadas pelo Ipea foram separadas de acordo com o tamanho dos municípios (abaixo de 20 mil pessoas, entre 20 mil e 100 mil pessoas e acima de 10 mil pessoas). Segundo conclusão da pesquisa, "nos municípios menores, a avaliação tende a ser mais positiva do que nos maiores".
Em relação à qualidade percebida pelos brasileiros, por exemplo, a situação praticamente se inverte: a relação de 39% positiva e 27% negativa em cidades pequenas transforma-se em 30% positiva e 41% negativa em grandes cidades. Nas cidades médias 36% acham o serviço "muito bom" ou "bom" e 32% acham "ruim" ou "muito ruim".
No quesito atendimento, a intenção do Ipea "é perceber a opinião sobre o serviço em geral e não apenas sobre a experiência própria da pessoa, ainda que uma seja sempre influenciada pela outra. Mais uma vez a avaliação das cidades maiores é mais negativa, ainda que todas tendam a ver em média de forma negativa". Ao responderem à pergunta "nos serviços públicos de transporte urbano a população consegue ser atendida sempre que precisar?", 42% acharam que "não" e 33% que "sim" em municípios pequenos. Já em cidades médias, a relação é de 45% para 29% e, nas grandes, de 61% para 25%.
Deslocamento é insatisfatório
A pesquisa mostra ainda que os brasileiros não têm experiências agradáveis com os deslocamentos. Quando perguntados se concordariam com a afirmação de que "o transporte público de sua cidade permite que as pessoas se desloquem com facilidade por toda a cidade", a maioria das respostas foi negativa. Em cidades abaixo de 20 mil habitantes, 44% "discordaram" ou "discordaram totalmente", contra 31% que "concordaram" ou "concordaram totalmente".
Em cidades de população média, a relação foi de 42% para 37% e, nas de grande densidade, de 48% para 38%.
O Ipea também analisou a frequência com que os brasileiros deixam de procurar o serviço de transporte público por não se sentirem à vontade ou em condições adequadas para utilizá-lo. "Na análise das condições adequadas (..), surge uma percepção diferente das anteriores. Nas cidades menores essa sensação não é tão comum quanto nas outras". Em cidades pequenas, 52% dos habitantes "sempre" ou "quase sempre" deixam de procurar o transporte devido às condições, contra 20% que "nunca" ou quase nunca" abandonam o serviço por precariedade. Nas cidades médias a relação é de 27% para 31%, enquanto nas grande é de 36% para 29%.
Tratamento diferenciado é percebido nas grandes cidades
Nos grandes centros, a percepção de tratamento diferenciado dado aos usuários é mais sentida do que nos locais com menos habitantes. Ao responderem se "o tratamento dado pelo transporte público urbano ao público é igual para todos independente de renda, cor da pele, idade, deficiência ou gênero", 47% responderam negativamente nos municípios com mais de 100 mil pessoas, contra 39% que acharam haver equidade no tratamento.
Em cidades médias a relação foi de 30% para 41% e, nas pequenas, de 27% para 47% - percepção inversa à dos grandes centros.
Sobre as reclamações diante do serviço ineficiente, os moradores de grandes cidades sentiram mais dificuldades em fazê-las. Entretanto, quanto menor a cidade, maior é a proporção de pessoas que não sabe como agir para registrar uma reclamação.
Nos grandes aglomerados urbanos, 75% dos entrevistados dizem ficar "muito perto" ou "perto" de casa após sair do transporte escolhido. Em relação às cidades menores, a percepção é outra: apenas 49% ficam a pouca distância de casa em cidades com populações abaixo de 20 mil pessoas.
O total de questionários aplicados, segundo o instituto, alcançou 3.781 entrevistados
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