Relatório confirma que falhas na sinalização provocaram acidente ocorrido em julho e culpa autoridades por reação inadequada
Um aguardado relatório do governo chinês afirmou que falhas de sinalização e uma reação inadequada das autoridades provocaram a colisão de dois trens-bala em julho, causando a morte de 40 pessoas.
Foto: AP
Equipes de resgate e civis trabalham para ajudar passageiros em destroços de trem que descarrilou em Wenzhou, no leste da China (23/7)
"A China Railway Signal and Communication Corp., o principal abastecedor de equipamentos de sinalização, não assumiu plenamente suas responsabilidades, e isso provocou falhas graves de sinalização e riscos à segurança dos equipamentos", indica o informe oficial.
"O Ministério das Ferrovias tampouco geriu convenientemente as operações de resgate, não comunicou as informações rapidamente e não soube responder à preocupação do público de maneira apropriada", acrescentou o informe.
O ex-ministro de Ferrovias estava entre as 54 autoridades apontadas como responsáveis pelo acidente, informou um comunicado do gabinete nesta quarta-feira. Muitos deles foram demitidos de postos no Partido Comunista, mas não houve nenhuma menção a penas mais sérias.
O desastre ocorrido na cidade de Wenzhou também feriu 177 pessoas e provocou uma onda de indignação popular por conta do alto custo e dos perigos do sistema ferroviário. Os chineses acusaram o governo e as autoridades de colocarem o desenvolvimento e o lucro antes da segurança, além de tentar abafar o ocorrido.
O comunicado do gabinete citou "sérias falhas do projeto e riscos maiores à segurança" e listou uma série de erros na aquisição de equipamentos e no seu manuseio. Também criticou a atuação do ministro das Ferrovias no resgate das vítimas.
O relatório confirmou o que o governo havia dito anteriormente que o acidente foi provocado por um raio que atingiu um dos trens e forçou-o a parar. Falhas nos sensores e também erros dos controladores permitiram que um segundo trem continuasse em movimento no mesmo trilho, causando a colisão.
Entre as 54 pessoas apontadas no relatório, incluem-se Liu Zhijun, ex-ministro das Ferrovias, e Zhang Shuguang, segundo engenheiro-chefe do Ministério, que já havia sido afastado de suas funções por "falta grave de disciplina".
O acidente levou a China na época a suspender qualquer novo projeto de construção de vias férreas, e retirar 54 trens da emblemática linha que une Pequim a Xangai para reparações.