Preocupado, ou não, com os casos de furto no metrô de Buenos Aires, o governo argentino decidiu espalhar adesivos com a seguinte frase, "Não roube, o estado não aceita". Um recurso que, na prática, promove o delito, ao contrário do que pressupõe a objetividade lógica de seus idealizadores.
A origem desse equívoco reside no princípio da "unidade da ciência", segundo o qual todos os campos de estudo teriam como ponto de partida as leis da física de forma direta ou análoga. Nesse caso, a ideia de que toda ação gera uma reação de mesma intensidade e sentido oposto argumenta em favor do governo argentino.
O pedido feito pelos adesivos atuaria como um obstáculo capaz de reorientar o comportamento dos passageiros em direção a uma postura mais adequada à segurança coletiva. Tal como um jogo de sinuca em que as bolas refletem nas laterais da mesa, assumindo uma nova posição, no caso, uma nova atitude.
A aplicação do princípio da "unidade da ciência" no comportamento humano estaria certa, se não fosse por um detalhe: não é de acordo com as ações absolutas que as pessoas reagem, mas sim de acordo com a percepção que elas fazem sobre os objetos da realidade. Um mecanismo com um número de variáveis muito maior do que o visto nas equações físicas, e que, no caso, ainda inclui as informações subliminares de que os furtos são uma ação corriqueira ou até mesmo banal, e mais do que isso, de que são oportunidades viáveis (quando se pede para não cometê-las), sem apresentar argumentos verdadeiramente inibidores.
Ou seja, uma combinação capaz de motivar os passageiros com pré-disposição aos atos criminosos, aumentando os roubos no metrô portenho.
Esse contexto chama a atenção para o fato de que, quando o ingrediente humano é incluído na mistura, o resultado é sempre uma equação muito mais complexa do que presume a objetividade metódica. Um desafio sempre existente, mas agora amplificado pela atual era das pessoas, como sugere o livro, "Stakeholding, a próxima ciência dos negócios" da editora Hëd River Books (http://www.stakeholding.com.br/).