25 janeiro 2014

Roubos e furtos quase dobram no Metrô e CPTM

 

Sistema registra 3,1% mais passageiros no ano passado, mas rede teve alta de 64% nos furtos e 76% nos roubos; Sé é a mais violenta

O número de furtos e roubos tem crescido no Metrô de São Paulo e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) acima do aumento de usuários nas redes. Dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) mostram que a quantidade de crimes contra o patrimônio em 2013 quase dobrou no sistema na comparação com o ano anterior. Os furtos passaram de 3.439 em 2012 para 5.664 entre janeiro e novembro do ano passado, um aumento de 64%. Os roubos - ação com violência - subiram de 173 para 306 (76%).
Outra série estatística obtida no Metrô pelo Estado por meio da Lei de Acesso à Informação revela quais são as estações da rede metroviária com mais ocorrências. A Sé, que conecta as Linhas 1-Azul e 3-Vermelha, é a mais violenta. Entre 1.º de janeiro e 11 de dezembro de 2013, um total de 136 furtos foram anotados pela área operacional do Metrô na parada. Em seguida, vem a Palmeiras-Barra Funda, com 77 furtos. Trata-se de duas estações entre as mais movimentadas da malha do metrô.
Quando se consideram os roubos, a situação se inverte: a Barra Funda, com 13 casos, fica à frente da Sé, que teve 12 (leia mais nesta página). Na Linha 1-Azul, além da própria Sé, a Luz é a segunda colocada em casos de furtos (38) e roubos (7).
Os dados repassados pelo Metrô, porém, divergem das estatísticas da SSP pelo fato de não contabilizarem todos os boletins de ocorrência encaminhados para a Delegacia do Metropolitano (Delpom). As informações disponíveis no banco de dados da SSP são mais completas porque contêm ocorrências registradas nas delegacias eletrônicas e até mesmo de crimes registrados no entorno da rede metroferroviária.
De acordo com a Secretaria de Transportes Metropolitanos, os dados das companhias "são obtidos com base nos registros feitos na Delpom, que envia a cópia dos boletins para as duas companhias", mas a SSP "contabiliza também informações de outras fontes de registro", explica.
Assim, pelos registros do Metrô, a Linha 3-Vermelha é a campeã de furtos na rede - os dados não computam ocorrências na Linha 4-Amarela, que é administrada pela concessionária ViaQuatro. No ano passado, segundo as estatísticas à disposição do Metrô, ao menos 415 furtos e 68 roubos foram registrados nas 18 estações do ramal, incluindo as de transferência com outras linhas, como a Sé e a República, no centro.
Distração. De acordo com Osvaldo Nico Gonçalves, delegado do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade), da Polícia Civil, passageiros distraídos são o principal alvo dos assaltantes. "Geralmente, as vítimas dormem nos trens e acabam sendo furtadas", diz. Ele conta que a superlotação também facilita a ação dos bandidos. Celulares e bolsas estão entre os itens mais levados.
A gastrônoma Reinaldete Masão, de 32 anos, já foi assaltada três vezes no metrô. A última, em setembro do ano passado, em um túnel de acesso à Estação Sé. "Eram 16h30 de uma quinta-feira, tinha bastante gente no local, mas nenhum segurança. O cara me apontou o revólver e pediu a bolsa. Perdi todos os documentos."
O ajudante de pedreiro Fernando José dos Santos, de 25 anos, quase foi furtado dentro de um vagão lotado, também na Estação Sé, na Linha 3-Vermelha, no sentido Corinthians-Itaquera. "Senti alguém tentando puxar a carteira do bolso da calça. Agora, só fico com as mãos dentro dos bolsos, por precaução", diz.
Passageiros. No ano passado, a quantidade de passageiros transportados no Metrô cresceu proporcionalmente menos do que as ocorrências de furtos e roubos. Foram 1,297 bilhão de passageiros em 2013, 3,1% a mais do que no ano retrasado.
 
O Metrô não tem dados atualizados sobre cada ramal, mas em 2012 a Linha 3-Vermelha, a mais sobrecarregada, levava, na média por dia útil, 1,191 milhão de passageiros. Já a 1-Azul, 1,039 milhão.
 
 
 

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