Sistema registra 3,1% mais passageiros no ano passado, mas rede teve alta de 64% nos furtos e 76% nos roubos; Sé é a mais violenta
O número de furtos e roubos tem crescido no Metrô de São Paulo e na
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) acima do aumento de
usuários nas redes. Dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP)
mostram que a quantidade de crimes contra o patrimônio em 2013 quase
dobrou no sistema na comparação com o ano anterior. Os furtos passaram
de 3.439 em 2012 para 5.664 entre janeiro e novembro do ano passado, um
aumento de 64%. Os roubos - ação com violência - subiram de 173 para 306
(76%).
Outra série estatística obtida no Metrô pelo Estado por meio da Lei
de Acesso à Informação revela quais são as estações da rede metroviária
com mais ocorrências. A Sé, que conecta as Linhas 1-Azul e 3-Vermelha, é
a mais violenta. Entre 1.º de janeiro e 11 de dezembro de 2013, um
total de 136 furtos foram anotados pela área operacional do Metrô na
parada. Em seguida, vem a Palmeiras-Barra Funda, com 77 furtos. Trata-se
de duas estações entre as mais movimentadas da malha do metrô.
Quando se consideram os roubos, a situação se inverte: a Barra Funda,
com 13 casos, fica à frente da Sé, que teve 12 (leia mais nesta
página). Na Linha 1-Azul, além da própria Sé, a Luz é a segunda colocada
em casos de furtos (38) e roubos (7).
Os dados repassados pelo Metrô, porém, divergem das estatísticas da
SSP pelo fato de não contabilizarem todos os boletins de ocorrência
encaminhados para a Delegacia do Metropolitano (Delpom). As informações
disponíveis no banco de dados da SSP são mais completas porque contêm
ocorrências registradas nas delegacias eletrônicas e até mesmo de crimes
registrados no entorno da rede metroferroviária.
De acordo com a Secretaria de Transportes Metropolitanos, os dados
das companhias "são obtidos com base nos registros feitos na Delpom, que
envia a cópia dos boletins para as duas companhias", mas a SSP
"contabiliza também informações de outras fontes de registro", explica.
Assim, pelos registros do Metrô, a Linha 3-Vermelha é a campeã de
furtos na rede - os dados não computam ocorrências na Linha 4-Amarela,
que é administrada pela concessionária ViaQuatro. No ano passado,
segundo as estatísticas à disposição do Metrô, ao menos 415 furtos e 68
roubos foram registrados nas 18 estações do ramal, incluindo as de
transferência com outras linhas, como a Sé e a República, no centro.
Distração. De acordo com Osvaldo Nico Gonçalves, delegado do
Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade), da
Polícia Civil, passageiros distraídos são o principal alvo dos
assaltantes. "Geralmente, as vítimas dormem nos trens e acabam sendo
furtadas", diz. Ele conta que a superlotação também facilita a ação dos
bandidos. Celulares e bolsas estão entre os itens mais levados.
A gastrônoma Reinaldete Masão, de 32 anos, já foi assaltada três
vezes no metrô. A última, em setembro do ano passado, em um túnel de
acesso à Estação Sé. "Eram 16h30 de uma quinta-feira, tinha bastante
gente no local, mas nenhum segurança. O cara me apontou o revólver e
pediu a bolsa. Perdi todos os documentos."
O ajudante de pedreiro Fernando José dos Santos, de 25 anos, quase
foi furtado dentro de um vagão lotado, também na Estação Sé, na Linha
3-Vermelha, no sentido Corinthians-Itaquera. "Senti alguém tentando
puxar a carteira do bolso da calça. Agora, só fico com as mãos dentro
dos bolsos, por precaução", diz.
Passageiros. No ano passado, a quantidade de passageiros
transportados no Metrô cresceu proporcionalmente menos do que as
ocorrências de furtos e roubos. Foram 1,297 bilhão de passageiros em
2013, 3,1% a mais do que no ano retrasado.
O Metrô não tem dados
atualizados sobre cada ramal, mas em 2012 a Linha 3-Vermelha, a mais
sobrecarregada, levava, na média por dia útil, 1,191 milhão de
passageiros. Já a 1-Azul, 1,039 milhão.