03 janeiro 2014

Menos de um terço dos ônibus de Porto Alegre têm ar-condicionado

Nova licitação não prevê equipamento para os coletivos da Capital

   
    
Menos de um terço dos ônibus de Porto Alegre tem ar-condicionado<br /><b>Crédito: </b> Tarsila Pereira
Menos de um terço dos ônibus de Porto Alegre tem ar-condicionado                
Andar de ônibus durante os dias de altas temperaturas, em Porto Alegre, é uma experiência desgastante para a maior parte dos passageiros. Segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), apenas 27,5% da frota da Capital conta com ar-condicionado, o que representa 468 de um total de 1.705 veículos. Para se refrescar durante a viagem, vale de tudo: desde uma garrafa de água ou um sorvete, até correr para conseguir um lugar na janela.

“É um sufoco”, resumiu a cuidadora Santa Denilde, 57 anos, logo após desembarcar da linha Jardim Ipê, no Centro da Capital. Moradora de Viamão, ela utiliza diariamente os coletivos de Porto Alegre para ir trabalhar. De acordo com a passageira, é raro encontrar um veículo com ar-condicionado - a maioria deles da empresa Carris. Ela acredita que, pelo preço cobrado (R$ 2,80 a passagem), o serviço poderia contar com refrigeração.

“Quem tem falta de ar passa mal. Alguns motoristas não deixam abrir a janela”, acrescenta a aposentada Elisa Maria da Silva, 56, moradora da Lomba do Pinheiro. “Tem que sentar de preferência na janela para pegar um vento”, concorda a passageira Tereza Nunes da Silva, 43, que comprou uma garrafa de água para minimizar o calor da viagem da linha Ruben Berta, no terminal Parobé, Centro de Porto Alegre.

A licitação para o transporte coletivo da Capital, prevista para ter início neste ano, não deverá alterar a temperatura em grande parte dos coletivos. O sistema BRT (Bus Rapid Transit) irá contar com ar-condicionado em sua totalidade, mas nos demais veículos ainda não há uma definição. “Estamos analisando para tomarmos uma decisão se vamos permitir ônibus com ar-condicionado. A tendência é que não coloquemos”, disse o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari.

Manutenção e depreciação responde por 29% do custo da tarifa

Segundo ele, o equipamento agrega um custo muito alto a cada veículo. “Para se ter uma ideia, hoje 29% do custo da tarifa é custo da frota e do veículo, entre manutenção e depreciação”, observa o diretor da EPTC.
 
Hoje, conforme Cappellari, a Carris é a empresa com o maior  volume de veículos com ar-condicionado - 54% da frota.
 
 A legislação estabelece que, ao substituir um veículo que conta com ar, a empresa deve colocar em seu lugar um ônibus que também conte com o mesmo serviço.

Em janeiro do ano passado, o
Ministério Público de Contas (MPC) questionou, em parecer, os métodos utilizados para apurar os custos de cada veículo da frota, dentro dessa alegação da EPTC de que influencia muito no cálculo da passagem.
 
A partir de uma tabela comparativa de um mesmo chassis, que passou por várias concessionárias ao longo dos anos, foi possível ver uma majoração no valor do veículo na cotação apresentada pela EPTC em mais de 50%, com o ônibus subindo de cerca de R$ 148 mil para mais de R$ 250 mil, apesar da depreciação.

No caso dos táxi-lotações, todos os 403 veículos contam com ar-condicionado.
 
O equipamento deve obrigatoriamente estar ligado. Caso isso não ocorra, a empresa estará sujeita a multa de R$ 243,62. Reclamações podem ser feitas pelo telefone 118.
 

Arquivo INFOTRANSP