16 abril 2012

Mesa redonda virtual debate os desafios da mobilidade urbana

Os palestrantes do seminário “A Cidade nos Trilhos”, organizado pela CBTU, que acontecerá no próximo dia 16 de abril, na Universidade Federal de Viçosa, Paulo Tadeu Leite Arantes e Aguinaldo Pacheco, participaram de uma mesa redonda virtual, ocasião em que foram discutidas as questões relativas à mobilidade urbana e seus dilemas e desafios.

Confira o teor das entrevistas, na íntegra.

PAULO TADEU LEITE ARANTES
Departamento de Arquitetura e Urbanismo – Universidade Federal de Viçosa, MG

Palestra: A mobilidade urbana e a supremacia do transporte individual no Brasil: dilemas e desafios
CBTU: Como você avalia a iniciativa da CBTU na promoção do Concurso de Monografia CBTU – A Cidade nos Trilhos?
Paulo Tadeu Arantes: Minha avaliação é muito positiva. Este concurso é uma ótima oportunidade para estimular os estudantes irem além daquilo que o seu curso oferece.
Com isso, eles podem aprofundar seus conhecimentos em outros temas, com contribuições importantes, tanto para o nosso cotidiano, como para o seu enriquecimento pessoal o que, com certeza, trará um ganho extraordinário para o seu futuro exercício profissional. 

CBTU: Qual a sua visão atual sobre o transporte metroferroviário e sua percepção futura?

Paulo Tadeu Arantes: Não se questiona hoje que as cidades, notadamente as brasileiras, sofrem de um exacerbado “carrocentrismo”. No caso das brasileiras, não se faz necessário grandes estudos para constatar que os investimentos em infraestrutura viária urbana, pelo menos até o presente momento, privilegiam, via de regra, obras para desafogar o trânsito, de forma a “caber, ou dar mais vazão a um número cada vez maior de veículos que transitam em nossas vias urbanas” (no caso, carros, caminhões e ônibus).
Como resultado, tem-se um desenho urbano que se estrutura em ruas e avenidas destinadas, exclusivamente, ao trafego de veículos automotores, com predominância daqueles destinados ao transporte individual (automóveis).

Por outro lado, nosso transporte urbano, notadamente o baseado em ônibus ou trens suburbanos, combina duas das piores características que um sistema desta natureza poderia ter, quais sejam uma péssima qualidade do serviço oferecido com um alto preço das passagens.

É uma situação que não traz nenhum estímulo para que o cidadão deixe seu carro na garagem e use os meios de transportes coletivos nos seus deslocamentos diários, fazendo com que uma frota descomunal de veículos invada nossas mal traçadas ruas e avenidas, enquanto que nos ônibus e trens, quase sempre lotados, inseguros e impontuais, vão aqueles que não têm outra opção senão a de encarar, diuturnamente, estes meios para seus deslocamentos.

Uma exceção é o metrô que, naquelas (poucas) cidades onde existe esta opção, oferece um nível razoável de conforto, pontualidade e segurança na sua operação, muito embora seja muito acanhado seu alcance dentro da malha urbana.

Diante metroferroviário se apresenta como uma, senão a única, alternativa capaz de solucionar os gargalos que as cidades apresentam hoje referente à mobilidade de sua população, tal como ocorre naquelas situadas em países desenvolvidos.

No entanto, é preciso destacar que sua eficiência só ocorrerá se ele for estiver integrado a outros modais motorizados, como é o caso dos ônibus (municipais e/ou intermunicipais) e, mais recentemente, aos não motorizados, como é o caso das bicicletas; sem perder de vista a obrigatoriedade de ser seguro, pontual, confortável e acessível (no caso, quanto ao custo da passagem), para que a grande maioria da população possa utilizá-lo, bem como seja capaz de estimular os que hoje optam pelo carro, a trocá-lo por meios coletivos de transporte nos seus deslocamentos diários.

CBTU:       A sua palestra no seminário tratará da mobilidade urbana e a supremacia do transporte individual no Brasil – dilemas e desafios. Seria possível nos apresentar um briefing dessa apresentação?

Paulo Tadeu Arantes: Considerando a extensão do tema e o tempo disponível, minha apresentação vai procurar mostrar como o automóvel ainda é prioridade quando se discute a movimentação no espaço urbano, independente do tamanho da cidade, quer seja do ponto de vista das políticas públicas, quer seja do ponto de vista da cultura dos nossos planejadores e dos proprietários de veículos. 

Será tomado como referência estudo recente do IPEA (lançado em 25/01/12) sobre este assunto, bem como exemplos de soluções criativas de transporte coletivo e do emprego de meios não motorizados para o deslocamento urbano, juntamente com a apresentação de técnicas que reduzem a poluição atmosférica e o consumo de combustíveis fósseis bem sucedidas. 

Além disso, pretende-se destacar alguns pontos da recém aprovada Lei 12.587 que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU).

AGUINALDO PACHECO – Arquiteto

Palestra: O potencial da linha férrea para o transporte metroferroviário em Viçosa, MG.

CBTU: Como você avalia a iniciativa da CBTU na promoção do Concurso de Monografia CBTU A Cidade nos Trilhos?

Aguinaldo Pacheco: Muito pertinente. Temos que promover uma revolução urbana, especialmente na questão de mobilidade. Uma mudança de modelo, de paradigma introduzindo outros modais em nossas soluções. E a opção pelo transporte coletivo urbano sobre trilhos é uma etapa desta revolução.
CBTU: Qual a sua visão atual sobre o transporte metroferroviário e sua percepção futura?
Aguinaldo Pacheco: Atualmente, salvo nas grandes cidades, o transporte metroferroviário nunca é considerado. Em Viçosa-MG, por exemplo, temos uma rede de trilhos abandonada há mais de 16 anos, e ela corta a cidade nos seus bairros principais e está sendo destruída para dar espaço aos automóveis, quando ela poderia ser utilizada para reestruturar toda a malha urbana com a implantação de um VLT, por exemplo. Há que se olhar para as cidades de porte pequeno e médio para evitar os problemas hoje vividos pelas metrópoles.

CBTU: A sua palestra no seminário tratará do tema potencial da linha férrea para o transporte metroferroviário em Viçosa, MG. Seria possível nos apresentar um briefing dessa apresentação?
Aguinaldo Pacheco: Minha palestra denominada “A história do VLT Viçosa em 24 quadros” ilustra a luta iniciada em 1979 de se ver os trilhos como solução para o transporte coletivo urbano em Viçosa (e na UFV) e suas idas e vindas, terminando no estudo elaborado pelo CENTEV-UFV sobre a viabilidade como negócio do mesmo.

http://www.cbtu.gov.br/noticias/destaques/2012/mes04/120412e/120412e.html

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