23 março 2014

Autoridades, empresários e especialistas debateram gargalos e soluções do setor no 1º Fórum Nacional de Mobilidade Urbana



Evento promovido pelo LIDE teve o objetivo de propor ações e modelos alternativos que promovam mobilidade urbana e trouxe debates fundamentais ao tema
 
Com os temas “Humanidade e Comportamento”, “Cidades e Legislação”, “Tecnologia e Funcionalidade” e “Transporte e Soluções”, o Fórum Nacional de Mobilidade Urbana, promovido pelo LIDE - Grupo de Líderes Empresariais reuniu hoje 244 participantes, no Centro cultural Minas Clube, em Belo Horizonte. Com a presença do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, na abertura do evento, o fórum debateu os problemas e propôs soluções para o desenvolvimento planejado e aumento da competitividade das cidades brasileiras e a qualidade de vida dos cidadãos com a Carta de Minas e o Legado do Fórum de Mobilidade Urbana.
 
Para Roberto Giannetti da Fonseca, presidente do LIDE Infraestrutura, aconteceu um crescimento desordenado que afetou tanto a produtividade das pessoas como na qualidade de vida delas. “A demanda do fórum é absolutamente legítima e necessária. As pessoas ficam cerca de 20 dias por ano em um transporte para se deslocar diariamente de sua casa ao trabalho e vice-versa. Isso impacta em um tempo menor tanto na sua produtividade quanto numa oportunidade de lazer maior com suas famílias. Com este debate queremos despertar novas ideias aos poderes público e privado”, afirmou Giannetti.
 
“Os cidadãos têm o direito de chegar bem, em boas condições ao trabalho e também ao lazer. Não há como ceifar este direito do estudante ou do trabalhador”, disse João Doria Jr., presidente do LIDE. “Nas eleições passadas, há quatro anos, a mobilidade urbana não foi tema de nenhum partido. No ano passado a população foi às ruas e a necessidade de colocar em pauta a mobilidade urbana é urgente. Queremos que este Fórum seja mais uma contribuição de Minas Gerais ao Brasil”, complementou o executivo.
 
“A discussão da mobilidade está vinculada ao planejamento urbano e à melhoria da qualidade de vida da população. Este seminário veio em um momento ideal, pois a mobilidade é questão prioritária”, disse o prefeito. “As grandes cidades continuarão crescendo, pois elas atraem os ricos pelas oportunidades de negócios e qualidade de vida e os pobres pela oferta de empregos. Este fato justifica a importância deste debate”, observou Lacerda.
 
Transporte e Soluções
 
Para Marcio Lacerda a cidade de Belo Horizonte se adensou de uma forma expressiva, ficando cada vez mais longe do centro da cidade ao longo dos anos. Com isso houve um crescimento pequeno da população e aumento da frota dos veículos, o que resultou na necessidade de um estudo para melhoria da mobilidade urbana e, consequentemente, a um incentivo de um uso racional dos automóveis.
 
“A pessoa pode ter o automóvel para uso eventual, mas o direito de um transporte coletivo de qualidade com a implementação de BRTs e da expansão e investimentos dos metrôs”, explicou o prefeito. “Foi feito um planejamento eficaz, com o auxílio da BRTrans, que também integrou as ciclovias com os sistemas de transporte coletivo”, contou o prefeito.
 
Um dos eixos do planejamento urbano vinculado à questão da mobilidade e ao transporte de massa de qualidade está na operação urbana consorciada, como no caso da “Nova BH”, apresentada por Lacerda. “É um grande desafio, uma operação urbana de grande porte que desperta tanto entusiasmo quanto temor, mas que terá uma solução em prol de todos ao final”, disse o prefeito. “A falha do transporte de massa do Brasil é a falta de uma tarifa única. Um possível aumento da gasolina poderia aumentar o subsídio do transporte público e proporcionar essa tarifa única, por exemplo”.
 
Humanidade e Comportamento
 
Para o presidente da Vitacon, criador do primeiro apartamento de 18m2 e palestrante do Fórum, Alexandre Lafer Frankel, todos os pais precisam ter o direito de levar seus filhos à escola. “Antigamente o luxo era ter um apartamento grande ou um carro caro. Hoje luxo é não necessitar de carro, é ter mais tempo para lazer, para estar com seus familiares”, afirmou. “Conseguimos trazer o mesmo luxo para apartamentos menores, que possuem restaurantes, bicicletários, sistemas de lavanderia, sistema de caronas entre os condôminos e carros compartilhados, itens que aumentam a mobilidade das pessoas”. Para o executivo, a responsabilidade e a conscientização para a melhora é um dever de todos. “A responsabilidade da mobilidade urbana é, também, do setor privado e dos cidadãos”, concluiu Frankel. 
 
A palestra contou com importantes debates. “É preciso buscar um uso mais racional e até mais inovador do automóvel. Evidentemente o carro é uma parte integrante da vida das cidades, mas ele precisa estar presente de uma forma seletiva e não como uma obrigação diária”, comentou Ramon Victor Cesar, diretor-presidente da BHTRANS. 
 
Sergio Vieira, Membro do Conselho de Administração da Pedra Branca e da ESPB – Espírito Santo Property do Brasil, disse que o foco está em mostrar ao Governo e às agências reguladoras que hoje já não é mais possível manter a obrigação existente de áreas residenciais e comerciais. “Com o fim desta exigência, as pessoas não precisariam mais se deslocar tanto. Uma solução seria termos bairros como pequenas cidades, locais que permitiriam que as pessoas morassem, passeassem e realizassem seus momentos de lazer”, disse o executivo. “Há uma necessidade, também, de um melhor aproveitamento dos espaços públicos”, finalizou.
 
Carta legado do Fórum Nacional de Mobilidade Urbana em Belo Horizonte 
 
O Fórum Nacional de Mobilidade Urbana, realizado em Belo Horizonte pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais promoveu um debate de autonível sobre o tema mobilidade urbana com a participação de autoridades públicas e privadas, especialistas no tema.
 
Em primeiro lugar, foi ressaltada a crescente relevância do tema mobilidade urbana na qualidade de vida das pessoas, especialmente nas grandes metrópoles brasileiras. O crescimento desorganizado dos grandes centros urbanos, sem adequado planejamento geográfico e de integração logística acarreta enorme transtorno a população pela distância e tempo de deslocamento entre os locais de residência, trabalho, comércio e lazer. 
 
No primeiro painel, discutimos Humanidade e Comportamento, com destaque para a necessidade da mudança comportamental do cidadão. Procurando adaptar-se à nova realidade dos grandes centros urbanos, através da redução do uso do transporte individual (automóvel) e uso mais intenso das várias modalidades de transporte coletivo, como metrô, BRIT e também da bicicleta para trajetos de menor distancia.
 
Igualmente para o pedestre, foi sugerida a melhoria das calçadas públicas, em um conceito que poderia ser denominado, calçada cidadã, proporcionando o maior nível de conforto, segurança e prazer para os pedestres das grandes cidades.
 
Destacou também, o custo social e econômico dos grandes congestionamentos de tráfego e a deficiência do transporte urbano para os cidadãos das grandes metrópoles. Além do tempo de aproximado 45 dias por ano, em média, para deslocamento da residência ao trabalho e vice-versa, os risco de acidentes e violência são inerentes aos intensos congestionamentos do tráfego urbano.
 
No painel sobre urbana Tecnologia Aplicada à Mobilidade, destacou-se a aplicação de novas tecnologias de informação como ferramentas imprescindíveis para a melhoria da circulação de veículos individuais e coletivos pelas vias públicas, por exemplo, as de gerenciamento do fluxo e demanda de tráfego, como GPS e o rádio e a internet para ajudar no monitoramento e divulgação das informações sobre o trânsito são extremamente relevantes.
 
Igualmente, a instalação de câmeras e monitores nas principais vias de trânsito e semáforos inteligentes foram mencionados como alternativa para melhor controle do tráfego urbano. Outras questões importantes foram levantadas no painel sobre legislação aplicada à questão da mobilidade urbana. A desoneração tributária dos ativos fixos aplicados sobre os modais de capital intensivo como VLT e metrô, bem como a tributação progressiva de IPTU e IPVA, levando em conta, a questão da mobilidade urbana também foram objetos de debate entre os participantes. 
 
O prefeito Márcio Lacerda apresentou um interessante projeto integrado de planejamento urbano, baseado numa eficaz legislação de uso do solo e de uma rede estruturante multimodal, que transformará Belo Horizonte, de uma metrópole monodispersa para uma metrópole policompacta. Propostas de adensamento das construções imobiliárias e móveis mais compactos em regiões de uso misto do solo poderão, em breve, reduzir a demanda e a necessidade do deslocamento dos cidadãos de Belo Horizonte para suas atividades cotidianas, proporcionando maior segurança e qualidade de vida para os seus habitantes.
 
Concluindo, todos consideraram o tema mobilidade urbana como um tema central das políticas públicas nos três níveis de governo, federal, estadual e municipal. Como também a necessidade de parcerias publico-privadas para dar consequência aos investimentos dos modernos modais de transporte público que estão hoje sendo demandados nos grandes centros urbanos.
 
SOBRE O FÓRUM
 
O ano de 2013 mudou o Brasil. A população foi às ruas em busca de mudanças por uma vida com mais qualidade. Por um Brasil melhor. O objetivo do FÓRUM NACIONAL DE MOBILIDADE URBANA é debater e propor caminhos para o desenvolvimento de modelos eficientes e sustentáveis de mobilidade urbana, bem como projetos que, com auxilio do setor privado, possam ajudar na solução destes problemas nas grandes cidades brasileiras. 
 
SOBRE O LIDE - Fundado em junho de 2003, o LIDE - Grupo de Líderes Empresariais é uma organização de caráter privado, que reúne empresários em nove países e quatro continentes. Atualmente tem 1.620 empresas filiadas (com as unidades nacionais e internacionais), que representam 52% do PIB privado brasileiro. O objetivo do Grupo é difundir e fortalecer os princípios éticos de governança corporativa no Brasil e no exterior, promover e incentivar as relações empresariais e sensibilizar o apoio privado para educação, sustentabilidade e programas comunitários. Para isso, são realizados inúmeros eventos ao longo do ano, promovendo a integração entre empresas, organizações, entidades privadas e representantes do poder público, por meio de debates, seminários e fóruns de negócios.
 

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