Atenas,
17 ago (EFE).- Viajar de metrô por Atenas é como entrar no túnel do
tempo: cada estação oferece uma nova surpresa arqueológica que o
passageiro deve descobrir por si mesmo, porque não há visitas guiadas.
A
rede de metrô de Atenas - três linhas, das quais duas são novas e foram
concluídas em 2000 por conta dos Jogos Olímpicos - é jovem, mas não é
isso que é possível admirar em suas entranhas.
Nos 57,7
quilômetros de percurso das duas linhas mais modernas, foram escavados
79 mil metros quadrados com fins arqueológicos e foram encontrados 50
mil objetos das mais variadas eras da História.
Após efetuar as
perfurações em diferentes camadas do subsolo, foram encontradas joias de
várias épocas, do neolítico à época pós-bizantina.
O principal
desafio foi avançar nas obras sem destruir as jazidas arqueológicas.
Cada vez que era encontrado ou havia a possibilidade de ter algo de
valor arqueológico, as obras eram paradas para dar passagem às tarefas
dos arqueólogos.
Para isso, explicou à Agência Efe o presidente da
companhia do metrô de Atenas (Stasy), Nikos Papazanasis, foram
utilizadas perfuradoras especiais, tudo com a presença permanente de
equipes arqueológicas do Ministério da Cultura.
No total, das 40
estações da rede, 20 passaram por prospecções arqueológicas, das quais
seis - praticamente todas em Atenas - mostram achados interessantes:
Syntagma, Keramikos, Monastiraki, Acrópole, Panepistimiou e
Evangelismos.
A praça de Syntagma é o coração emblemático de
Atenas e nestes tempos de crise, ponto de concentração das manifestações
contra as políticas de austeridade.
Nesta estação de metrô que
passa por baixo do Parlamento, é possível ver uma ampla coleção de
esculturas clássicas e até os restos de um cemitério utilizado tanto na
época micênica como na bizantina. Além disso, é possível avistar um
esqueleto.
Uma das estações mais interessantes é a de Monastiraki, o bairro popular que abriga várias tavernas.
Nesta
estação, no leito do rio Iridanos, que nascia no Monte Likavitos e
desembocava no rio Ilissos, as escavações deixaram descoberto um sistema
de abastecimento de água e de irrigação, com restos de escritórios,
casas e túmulos que nos fazem voltar ao século VIII a.C.
Em outra
estação central, a de Evangelismos, debaixo da avenida Vasilisis Sofias -
nome em honra da avó paterna da rainha da Espanha -, é possível admirar
os restos de um antigo cemitério com seu correspondente muro e, além
disso, os vestígios de uma via e um aqueduto.
Além dos tesouros arqueológicos, o metrô de Atenas exibe em quase todas as estações obras de artistas contemporâneos gregos.
Papazanasis
explica que muitas destas obras guardam algum tipo de relação com a
temática do metrô ou do viajante, como um gigantesco relógio pendurado
sobre o grande vestíbulo da estação de Syntagma ou os assentos em forma
humana das plataformas da estação de Larisa.
Uma das coisas que
mais surpreendem do metrô de Atenas é sua absoluta limpeza: nenhum papel
no chão e paredes limpas, tudo isso em uma cidade cuja sujeira às vezes
parece infernal.
'Como íamos permitir que houvesse sujeira
estando rodeados de tantas joias?', é a explicação de Papazanasis.
'A
empresa não poupou meios para manter as estações permanentemente
limpas', acrescenta.
Assim, entrar no metrô de Atenas não é sinônimo de uma descida ao inferno; o mais frequente é encontrar o inferno na superfície.