18 agosto 2013

Metrô de Atenas, uma viagem no túnel do tempo

Metrô de Atenas, uma viagem no túnel do tempo

Atenas, 17 ago (EFE).- Viajar de metrô por Atenas é como entrar no túnel do tempo: cada estação oferece uma nova surpresa arqueológica que o passageiro deve descobrir por si mesmo, porque não há visitas guiadas.

A rede de metrô de Atenas - três linhas, das quais duas são novas e foram concluídas em 2000 por conta dos Jogos Olímpicos - é jovem, mas não é isso que é possível admirar em suas entranhas.

Nos 57,7 quilômetros de percurso das duas linhas mais modernas, foram escavados 79 mil metros quadrados com fins arqueológicos e foram encontrados 50 mil objetos das mais variadas eras da História.

Após efetuar as perfurações em diferentes camadas do subsolo, foram encontradas joias de várias épocas, do neolítico à época pós-bizantina.

O principal desafio foi avançar nas obras sem destruir as jazidas arqueológicas. 

Cada vez que era encontrado ou havia a possibilidade de ter algo de valor arqueológico, as obras eram paradas para dar passagem às tarefas dos arqueólogos.

Para isso, explicou à Agência Efe o presidente da companhia do metrô de Atenas (Stasy), Nikos Papazanasis, foram utilizadas perfuradoras especiais, tudo com a presença permanente de equipes arqueológicas do Ministério da Cultura.

No total, das 40 estações da rede, 20 passaram por prospecções arqueológicas, das quais seis - praticamente todas em Atenas - mostram achados interessantes: Syntagma, Keramikos, Monastiraki, Acrópole, Panepistimiou e Evangelismos.

A praça de Syntagma é o coração emblemático de Atenas e nestes tempos de crise, ponto de concentração das manifestações contra as políticas de austeridade.

Nesta estação de metrô que passa por baixo do Parlamento, é possível ver uma ampla coleção de esculturas clássicas e até os restos de um cemitério utilizado tanto na época micênica como na bizantina. Além disso, é possível avistar um esqueleto.

Uma das estações mais interessantes é a de Monastiraki, o bairro popular que abriga várias tavernas.

Nesta estação, no leito do rio Iridanos, que nascia no Monte Likavitos e desembocava no rio Ilissos, as escavações deixaram descoberto um sistema de abastecimento de água e de irrigação, com restos de escritórios, casas e túmulos que nos fazem voltar ao século VIII a.C.

Em outra estação central, a de Evangelismos, debaixo da avenida Vasilisis Sofias - nome em honra da avó paterna da rainha da Espanha -, é possível admirar os restos de um antigo cemitério com seu correspondente muro e, além disso, os vestígios de uma via e um aqueduto.

Além dos tesouros arqueológicos, o metrô de Atenas exibe em quase todas as estações obras de artistas contemporâneos gregos.

Papazanasis explica que muitas destas obras guardam algum tipo de relação com a temática do metrô ou do viajante, como um gigantesco relógio pendurado sobre o grande vestíbulo da estação de Syntagma ou os assentos em forma humana das plataformas da estação de Larisa.

Uma das coisas que mais surpreendem do metrô de Atenas é sua absoluta limpeza: nenhum papel no chão e paredes limpas, tudo isso em uma cidade cuja sujeira às vezes parece infernal.

'Como íamos permitir que houvesse sujeira estando rodeados de tantas joias?', é a explicação de Papazanasis.

 'A empresa não poupou meios para manter as estações permanentemente limpas', acrescenta.

Assim, entrar no metrô de Atenas não é sinônimo de uma descida ao inferno; o mais frequente é encontrar o inferno na superfície.

Arquivo INFOTRANSP