26 agosto 2013

Faixas de ônibus em São Paulo têm ao menos 20 regras

Se o crescimento do número de faixas exclusivas de ônibus em São Paulo está acelerando os coletivos, também está confundindo quem dirige carro ou moto pelas vias que receberam a novidade. 

A Folha levantou ao menos 20 regras diferentes entre os horários de funcionamento de faixas e corredores. 

O horário determina em que período a faixa é só para ônibus. 

O desrespeito pode resultar em multa que varia de R$ 53,20 (faixas à direita) a R$ 127,69 (à esquerda). 

Na avenida Paulista, por exemplo, carros estão proibidos de segunda a sábado das 6h às 22h. Logo adiante, na Doutor Arnaldo, a proibição acaba no sábado, às 14h. 

No corredor norte-sul, que engloba avenidas como 23 de Maio e Washington Luís, o sábado é liberado. 

Já nas marginais Tietê e Pinheiros, ao contrário dessas outras vias, as faixas funcionam apenas de segunda a sexta nos picos da manhã (das 6h às 9h) e da tarde (17h às 20h). Mas na Tietê é um horário em cada sentido, e na Pinheiros eles valem para os dois. 

O taxista Lino Firmino da Silva, 59, diz que as regras variam tanto que ele se arrepende quando arrisca entrar em algumas das faixas.
"Levei multa semana passada na Paulista. 

Era 13h05, deixei um passageiro na calçada e continuei na faixa porque ia virar em seguida, na alameda Campinas. Aí chegou a multa", conta. 

As regras para táxi também variam. Assim como os outros carros, eles são proibidos nas faixas à direita. Já nos corredores à esquerda, são liberados desde que estejam com passageiro e não usem película escura nos vidros. 

As faixas se tornaram a principal bandeira do prefeito Fernando Haddad (PT) na área de transporte público após a onda de protestos. Inicialmente sua meta era implantar 150 km até 2016. Após os protestos, ampliou o número para 220 km e antecipou o prazo para este ano. 

Até hoje, já foram implantados 130 km. Na segunda-feira começam a funcionar mais 6,7 km de faixas, em 11 vias da cidade.



 
PADRONIZAÇÃO
 
Segundo especialistas, a variação de regras atrapalha. 

Sergio Ejzenberg, mestre em transportes pela USP, diz que os horários exibidos nas placas de regulamentação são praticamente impossíveis de serem lidos à distância. 

"Os números são pequenos, e fica ainda mais difícil quando se está a 60 km/h. 

Quando chega perto, já está dentro da faixa. Ninguém dirige olhando para cima também", diz, sobre o local em que as placas são afixadas. 

Ele defende o uso de letras maiores, para facilitar a identificação das regras, e critica o ritmo de implantação das faixas, "que parece estar seguindo mais o critério político do que o técnico". 

O consultor Horácio Figueira, partindo de dados da pesquisa Origem/Destino, propõe uma padronização nos horários, com a criação de apenas três regras: das 6h às 14h, das 14h às 22h ou os dois combinados. 

"A demanda segue ao longo do dia, então sou favorável a aumentar os horários, para favorecer também quem anda de ônibus fora dos horários de pico", afirma. 

CRITÉRIOS
 
A prefeitura diz que diversos fatores são levados em consideração para definir o horário das faixas. 

"Além das características estruturais da via, como extensão e número de faixas de rolamento, também são levados em conta o fluxo de veículos e, principalmente, a quantidade de ônibus e o número de passageiros transportados", afirma, em nota. 

Segundo a gestão Haddad, "em bairros mais distantes do centro, o horário de maior movimentação de pessoas e veículos acontece antes do chamado horário de pico. 

Por esse motivo, nesses locais, as faixas exclusivas tem horários distintos, com funcionamento antes mesmo das 7h". 

MULTA
 
Começa hoje a aplicação de multas aos motoristas que invadirem a faixa exclusiva de ônibus do corredor norte-sul. 

Das 6h às 22h, quem for flagrado pelos 50 agentes destacados para a fiscalização estará sujeito a penalidade de R$ 53,20 e terá três pontos anotados na habilitação. 

A faixa foi implantada em três etapas e hoje funciona da praça Campo de Bagatelle, na zona norte, à avenida do Jangadeiro, na zona sul. 

Hoje começa a funcionar um quarto trecho da faixa, com percurso pela avenida Senador Teotônio Vilela, até a avenida Atlântica. 

A novidade é que, além de reservar a faixa da direita apenas aos ônibus, a prefeitura vai impedir a circulação de outros tipos de veículo por cerca de 420 metros, entre a rua Padre José
Garzotti e a avenida do Jangadeiro. 

A proibição será só no sentido centro, por período integral. Os motoristas terão de usar um desvio pela rua Icanhema. 

No novo trecho haverá período de orientação e ainda não há data para as multas.


Arquivo INFOTRANSP