26 agosto 2013

Soluções holísticas para as cidades


Entrevista com Holger Dlakmann, presidente global da rede EMBARQ, e Robin Chase, fundadora e presidente da Buzzcar e da GoLoco.

 Os especialistas falaram sobre soluções para o setor de transportes e o futuro da mobilidade urbana.
Nós não deveríamos apontar os modelos de carro sustentáveis como a melhor solução. Com isso, nós apenas mudamos de congestionamento para congestionamento limpo.
Holger Dalkmann
No futuro, nós só vamos usar o carro quando ele for a melhor opção de transporte. O carro não será mais o padrão.
Robin Chase
***
Vocês conhecem melhores práticas de transporte sustentável que tenham sido bem sucedidas e possam ser aplicadas em outras cidades?

Dalkmann Quando falamos em mobilidade sustentável, temos que olhar para o sistema inteiro. 

Em termos de soluções específicas, nós temos muitos bons exemplos ao redor do mundo, como o sistema BRT (Bus Rapid Transit) ou o aluguel e compartilhamento de carros. Se realmente queremos fazer uma mudança, é preciso olhar para dentro das cidades. 

Eu gosto de mencionar dois bons exemplos de uma abordagem holística em planejamento urbano sustentável. 

Uma é Copenhagen: em 1947, a cidade desenvolveu a visão de como queriam crescer, estabelecendo o plano de trânsito orientado conhecido como “Finger Plan” (Plano Dedo, em tradução livre): cinco dedos estendendo-se da palma de um centro denso para o resto da cidade. 

Ao longo dos anos, os habitantes de Copenhagen desenvolveram ainda mais essa visão. Eles têm linhas ferroviárias e outros sistemas de transporte eficientes. Além disso, Copenhagen estabeleceu a bicicleta como o modal chave e investiu em transporte coletivo nos estágios iniciais. 

Mas o mais importante, toda a rede do transporte de massa é densa, integrada e altamente acessível. Desde os anos 1970, Copenhagen é reconhecida como uma cidade modelo, onde transporte público e espaço encaixam-se “como uma luva” um com o outro – como apontado por Robert Cervero em sua publicação “The Transit Metropolis” (1998). 

Segundo exemplo: Nova York. A cidade começou as mudanças relativamente tarde. 

Nos anos 1960 e 1970, estava construindo rodovias e removendo parques, e nas décadas de 1980 e 1990 era vista como um ambiente congestionado e sem segurança. 

Um grande impulso de recuperação começou em 2002. 

Com o PlaNYC 2030, a cidade estabeleceu uma ideia holística para o desenvolvimento urbano sustentável para transformar Nova York em uma cidade melhor e mais verde. 

O plano inclui 14 ações específicas para melhorar e expandir a infraestrutura de transportes, reduzir os congestionamentos e manter e melhorar a condição física das estradas e do sistema de trânsito. 

O PlaNYC estabelece medidas como tornar as ruas mais seguras e convenientes para os ciclistas, melhorar o acesso e a segurança dos pedestres e utilizar mecanismos de taxação de congestionamentos.

Chase Para pensar em bons exemplos de mobilidade sustentável, temos que pensar no transporte ao longo do ciclo da vida das pessoas: nós temos diferentes necessidades de transporte dependendo da nossa idade e de cada tipo de viagem.

 Se pensarmos nos dois extremos, Houston versus uma vila rural africana, ambos utilizam apenas um modal: em Houston tudo é feito de carro e na vila rural da África a única escolha é caminhar. 

Uma diversidade de opções é a melhor solução: há trajetos que são melhores percorridos a oé, outros de bicicleta, moto, carona, metrô, etc – e cada um desses modais tem um espaço de acordo com as necessidades das pessoas. 

Eu costumo caminhar quando a distância é menor que 1 km, pedalar quando fica entre 1 km e 4 km, mais do que isso eu pego o metrô e só utilizo o carro quando a distância passa de 10 km. 

Se estou viajando com um grupo de pessoas, ou com crianças pequenas, minhas necessidades mudam e o meio de transporte que melhor vai satisfazer minhas necessidades pode mudar também.

Falando sobre transporte sustentável, uma solução seria reduzir as necessidades de mobilidade nas cidades. Como podemos fazer isso?
Chase Quando as cidades cresceram, em decorrência do processo de industrialização, os lugares onde moramos foram separados dos nossos locais de trabalho. 

Essa é a razão por que temos que percorrer grandes distâncias. 

Agora nós entendemos que a diversidade de locais com densidade populacional, proximidade de serviços e integração é o melhor para todos. Pegue Paris, por exemplo, onde morei nos últimos dois anos. 

Quase tudo de que eu precisava podia ser encontrado em duas quadras.

Dalkmann Concordo. Nós precisamos pensar em soluções que girem ao redor de acessibilidade e proximidade. 

O que as pessoas querem é chegar facilmente aos seus destinos e não perder tempo com longas distâncias. 

Agora, se nós tirarmos nosso olhar de Paris para observar as economias emergentes, nós temos um grande número de favelas e comunidades menores. 

No Rio de Janeiro, haverá um replanejamento dessas áreas para os Jogos Olímpicos. 

Como nós iremos desenvolver esses locais? É preciso pensar nisso. 

Fornecendo espaços públicos, ambientes seguros para caminhar e andar de bicicleta e acesso ao transporte coletivo, estaremos promovendo uma mobilidade mais sustentável. 

Por outro lado, se mantivermos a construção de estradas, enfrentaremos o aumento do uso de carros e motos e mais exterioridade.
BRT: uma das soluções para a mobilidade urbana (Foto: Mariana Gil/EMBARQ Brasil)

Junto ao crescimento urbano massivo na maior parte do mundo, em todos os lugares a população tende a morrer mais tarde. Nas regiões mais desenvolvidas das Nações Unidas, estimativas preveem que em 2050 mais de 30% da população terá mais de 60 anos. 

Quais soluções de transporte poderiam atender especialmente a geração mais velha?

Chase Uma geografia dependente do carro significa que, se você tem menos de 16 anos [idade mínima para dirigir nos Estados Unidos], você é um prisioneiro, e se você tem mais de 82, ou qualquer que seja a idade com que você pare de dirigir, você volta a ser um prisioneiro em casa. 

Especialmente quando se é mais velho, seria bom poder viver em um lugar com alta densidade populacional, onde a dependência do carro não seja tão grande. 

Um transporte independente do carro é a melhor opção, e garanti-la aos mais velhos é garanti-la a toda a sociedade.

Na Ásia, as cidades estão crescendo mais rápido do que em qualquer outro lugar. 

Onde os líderes municipais podem encontrar soluções de mobilidade sustentável e ao mesmo tempo considerar o meio ambiente e o clima?

Dalkmann Em Ahmedabad, na Índia, uma cidade com uma população de 5,5 milhões, as opções de trajeto eram limitadas até bem recentemente. 

As pessoas poderiam dirigir, pegar um auto rickshaw ou encarar um ônibus municipal superlotado e sem segurança. Uma rede de transporte coletivo acessível era necessária para que as pessoas pudessem alcançar seus destinos no menor espaço de tempo e da maneira mais fácil possível. 

O Sistema BRT de Ahmedabad foi a solução. Ele começou a operar em outubro de 2009, e teve um crescimento de 375% nos cinco anos seguintes – de 12 km para 45 km de corredores, número que segue aumentando; os planos são de 110 km adicionais nós próximos cinco anos. 

O número de passageiros diários também aumentou, de 18 mil para aproximadamente 130 mil. 

O melhor acesso ao transporte coletivo permitiu que Ahmedabad se mantivesse densa e compacta. 

Outro bom exemplo é Seul (Coréia do Sul): a cidade desenvolveu uma visão de crescimento verde, que se refletiu do projeto de revitalização do riacho Cheonggyecheon, que corta a cidade. Em 2003, o governo municipal de Seul iniciou a remoção de uma rodovia construída sobre o riacho nos anos 1970.

 Com a restauração do local, o legado histórico da área foi trazido de volta e a economia local, revitalizada. Cheonggyecheon hoje é um espaço público de descanso e divertimento para turistas e moradores. 

Aliado a um investimento no transporte coletivo, o projeto também ajudou a melhorar a mobilidade no coração de Seul. 

O governo municipal reporta a valorização dos terrenos, a melhoria da qualidade do ar e a redução do efeito ilha de calor. 

 Mais importante ainda: nove em cada dez moradores de Seul estão satisfeitos ou muito satisfeitos com o projeto.
Cheonggyecheon, depois da revitalização (Foto: Wikimedia Commons)
Analistas estão prevendo um crescimento exponencial do mercado de aluguel e compartilhamento de veículos. 

 É esse o futuro modelo da posse de carros?

Chase Eu espero! Nós precisamos convencer os moradores das cidades que a maneira mais legal, conveniente e econômica de usar o carro é pelo compartilhamento/aluguel. 

O que tem muitas vantagens: primeiro, eu gosto de enfatizar a ideia de “consumo colaborativo”, o que significa que utilizando um carro compartilhado você está fazendo um melhor uso dos recursos. 

Os carros são utilizados em uma média de duas das 24 horas do dia e a maior parte dos trajetos é feita com pelo menos três assentos disponíveis no veículo. 

Com o sistema de aluguel, nós fazemos um uso muito melhor desses bens tão caros e volumosos. 

Segundo, você pode escolher o carro que melhor se encaixa às necessidades de cada trajeto e só pagar quando usa. 

Terceiro, você tem acesso a uma frota de carros estacionados em todo lugar, e não apenas na frente da sua casa. Finalmente, a manutenção é problema de outra pessoa. Você não tem que se preocupar com isso.

Um passo adiante é o compartilhamento de carros “peer-to-peer”; um exemplo é a Buzzcar. 

Nós queremos permitir que os proprietários compartilhem seus próprios veículos, ociosos na maior parte do tempo e que custam às famílias em torno de 15% do orçamento doméstico.

 O compartilhamento de carros peer-to-peer reduz o número de carros necessários para atender uma dada população e reduz drasticamente o número de carros estacionados que entopem nossas ruas. 

Então, para resumir, as pessoas que compartilham veículos estão agindo de forma sustentável, dirigem com mais qualidade e são financeiramente inteligentes. 

Ter um carro é old school – o sistema de aluguel de carros é parte do novo estilo de vida urbano. E deveria ser encarado e comercializado como tal.

Os congestionamentos estão se tornando um problema crítico na maior parte do mundo. Quais políticas são bem sucedidas em fazer o transporte nas cidades mais sustentável?

Dalkmann Primeiro, o custo do transporte tem um efeito: preços de combustível mais altos e taxas para reduzir o uso do carro. Então, até um certo nível, a política fiscal é uma opção. 

O preço da gasolina na Europe é de duas a três vezes maior que nos Estados Unidos.

Segundo, o quadro que permite que as cidades invistam nas soluções certas: a Índia, por exemplo, deve investir 300 bilhões de dólares em infraestrutura urbana nos próximos 20 anos. 

A ideia é não apenas liberar o dinheiro, mas também unir o planejamento a soluções concretas por meio da priorização do investimento nos sistemas de transporte de massas – metrôs e BRTs. Programas similares de apoio ao transporte de massa e desenvolvimento urbano sustentável têm sido implementados na China, no Brasil e no México.

Terceiro, nós precisamos ajudar as cidades a criarem seus próprios fundos de transporte, por meio, por exemplo, da taxação sobre congestionamentos ou sistemas de pedágio urbano e gestão de estacionamentos. 

E com esse dinheiro as cidades podem melhorar o transporte coletivo. 

Os melhores exemplos estão em Singapura, Londres e Suécia, com pedágios de congestionamentos.


A chave é combinar planejamento espacial e políticas de transporte. Políticas bem direcionadas podem ajudar a melhorar o uso do transporte coletivo e reduzir o individual por meio de corredores exclusivos para ônibus, centros fechados aos carros, compra e uso restritos dos veículos, etc. 

As cidades simplesmente reduziriam a necessidade das pessoas de usar o carro.

Rua XV, em Curitiba, onde é proibida a circulação de veículos (Foto: Alcindo Neto)

Como nós podemos tornar o transporte coletivo mais atrativo – além de aumentar a abrangência da rede de transporte público? 
Dalkmann Com as cidades se expandindo e novas comunidades surgindo, às vezes desconectadas dos centros urbanos e da infraestrutura vital, está ficando cada vez mais difícil oferecer bens, serviços e emprego. 

O projeto “Last Mile” foca em como as pessoas realizam a última parte de seus percursos a pé, antes de pegar o ônibus ou o metrô. 

Nossa organização, EMBARQ, trabalha com comunidades para integrar os modais de transporte a fim de ajudar as pessoas a chegarem a seus destinos de maneira segura, acessível e sustentável, incluindo o estímulo ao uso da bicicleta por meio de sistemas de aluguel e compartilhamento de bicicletas e a construção de ciclovias; a criação de zonas restritas aos pedestres; e o apoio a iniciativas sociais inovadores, como a formalização de setores informais, como o sistema rickshaw.

Chase Muitas pessoas buscam soluções para o problema dos carros olhando para o final do problema. 

Mas é consideravelmente caro e difícil fazer isso logisticamente, uma vez que a maior parte dos deslocamentos é feita em uma única direção e nos horários de pico. 

Construir áreas de densidade populacional próximas aos locais de trânsito é importante. 

Esse também é o cenário para os veículos autônomos de que todo mundo fala. Para mim, eles têm um papel importante na solução do problema, tanto quanto o compartilhamento de carros.

Qual o potencial das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) para mudar a maneira como nós usamos os serviços de transporte?

Dalkmann A tecnologia tem trasnformado comportamentos em muitas maneiras e o uso dos transportes não é uma exceção. 

As pessoas agora têm acesso instantâneo à informação sobre as melhores rotas e modais, congestionamentos, disponibilidade de estacionamento, o próximo ônibus, qual o melhor caminho para caminhar o pedalar e por aí vai. 

Sistemas avançados de cobrança de tarifa não são para um único modal, mas para uma rede de serviços integrados.

Além disso, a tecnologia é fundamental para uma melhor gestão dos sistemas como um todo: agentes de trânsito centralizados respondem melhor às demandas e fornecem informações precisas aos usuários. 

Motoristas de ônibus e operadores de trens cumprem melhor as frequências agendadas e esses veículos podem até se conectar aos semáforos para obter prioridade, principalmente quando atrasados.


Esses sistemas vão continuar evoluindo a passos largos no futuro próximo, facilitando a vida das pessoas na hora de fazer escolhas, evitar atrasos e integrar os pagamentos. 

A chave, de novo, são abordagens holísticas e integradas

Chase É graças às TIC que nós podemos criar qualquer sistema de compartilhamento. 

É fácil encontrar, cadastras e pagar por uma série de serviços, e novos sistemas e redes sociais ajudam a superar questões de confiança. Baixo custo e facilidade – a tecnologia é o que faz tudo isso possível. 

Além disso, como os sistemas de compartilhamento de carros e bicicletas dependem amplamente da tecnologia para cadastrar, pagar e gerar informação para os usuários, as TIC são um componente essencial dos modais de transporte, coletivos ou compartilhados.

Como é o carro do futuro? Quais são os modelos mais promissores (híbridos, a combustível, e-cars)?

Dalkmann Nós não deveríamos apontar os modelos de carro sustentáveis como a melhor solução. 

Com isso, nós apenas mudamos de congestionamento para congestionamento limpo, e isso não resolve o problema. Nós precisamos entender que os carros são parte da mobilidade, mas não o único caminho para alcançá-la. 

Nós precisamos planejar nossas cidades de forma diferente, para que seja possível usufruir espaços públicos caminhando e andando de bicicleta. 

E com transporte coletivo de qualidade para oferecer acesso a mais oportunidades. E as vantagens desse processo em termos de mudança climática e impactos na segurança são igualmente grandes.

Mas o carro tem um papel na mobilidade, representa uma boa fração dos deslocamentos que não envolvem trabalho e viagens pelo país. 

Logo, o carro do futuro deve ser mais eficiente e seguro, além de adaptado aos usos específicos. Nos meios urbanos, faz muito mais sentido ter carros pequenos, que otimizem o uso das ruas e estacionamentos.

Chase Eu concordo com Holger. Cada vez mais, o carro do futuro será um carro compartilhado, o que significa pagar por hora ou por dia, escolher o veículo certo para cada deslocamento, optar pelo modelo de acordo com a relação capacidade-lotação. Tudo isso quer dizer que nós só vamos usar o carro quando ele for a melhor opção de transporte. O carro não será mais o padrão.

Em poucas palavras: qual é a visão de vocês a respeito da “mobilidade do futuro”?

Chase Um sistema de transporte multi-modal e compartilhamento de veículos.

Dalkmann Concordo. Um sistema de transporte multi-modal e compartilhamento de veículos, isso complementado por áreas urbanas densas, integradas e acessíveis.
***
Essa entrevista foi conduzida por Andrea Frost e publicada originalmente em inglês pela SIEMENS, aqui.

Quem deveria pagar pelo transporte coletivo de qualidade?


Se, por um lado, os protestos que levaram milhões às ruas culminaram na redução massiva da tarifa do transporte coletivo no Brasil, não se pode dizer o mesmo da qualidade do serviço oferecido. Falta investimento em frota e em infraestrutura adequada para um deslocamento rápido e eficiente.

Enquanto isso, o país impulsiona a indústria do automóvel particular. Exemplo é a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os carros, que foi prorrogada até dezembro deste ano, quando deveria ter acabado em abril. 

O incentivo representará uma renúncia fiscal de R$ 2,2 bilhões neste período, conforme a Agência Brasil.

Daí surge a questão: até que ponto os recursos que o governo deixou de arrecadar prejudicam o transporte coletivo?

Considerando que os R$ 32,5 bilhões desperdiçados desde 2003 – com isenções sobre carro e combustível – poderiam construir 1.500 quilômetros de corredores de ônibus ou 150 quilômetros de metrô, os prejuízos são grandes. 

A verba também seria suficiente para a criação de corredores segregados nas 12 metrópoles brasileiras, conforme reportagem da Folha de S. Paulo. Além disso, a má qualidade atrai cada vez mais as pessoas para trás do volante.

O argumento do Ministério da Fazenda para as isenções é que a indústria automobilística é fundamental para a economia do país, pois representa 25% da produção industrial. 

Mas a população carece de transporte qualidade, as cidades precisam de mais mobilidade urbana e o ar precisa ser mais limpo. E quem ganha com isso? As pessoas.

Saiba mais no infográfico abaixo, da Folha de S. Paulo

Metrô testa sistema para reduzir lotação

Novo modelo de sinalização que permite menor intervalo entre os trens começou a funcionar ontem na linha 2-Verde
 
Estação Sacomã tem o sistema desde janeiro / Rodrigo Paiva/Folhapress
Previsto para funcionar no ano passado, o novo sistema de controle e sinalização do metrô começou a funcionar ontem em toda a linha 2-Verde.

O modelo promete reduzir em 20% o tempo de espera dos passageiros nas estações da linha - que tem 14,7 quilômetros de extensão - com a redução no intervalo entre os trens, que hoje é de 2,6 minutos, em média.


O CBTC (Comunication-Based Train Control) já vinha funcionando, aos domingos, em um trecho de 2,9 quilômetros na linha verde, entre as estações Vila Prudente e Sacomã, desde janeiro. Segundo o Metrô, o modelo vai continuar funcionando aos domingos e, dependendo do desempenho apresentado, a operação será estendida para os dias da semana.

Com o CBTC, o Metrô espera reduzir a superlotação nas estações da linha 2-Verde, que teve, em 2012, média de ocupação de 5,7 passageiros por metro quadrado no horário de pico da tarde.

Baseado em comunicação por radiofrequência, o sistema permite a localização em tempo real de todas as composições nos trechos da linha.

Hoje, a localização dos trens é enviada para a central de operações por cabos de fibra ótica, e apenas em alguns pontos fixos. Para evitar o risco de acidentes, as composições precisam ficar a pelo menos 150 metros de distância.

De acordo com o Metrô, o novo sistema também é mais seguro porque evita que o trem ultrapasse a velocidade permitida, além de comportar operação automática, que é capaz de realizar a movimentação do trem independentemente da presença de operador, assim como já acontece na linha 4-amarela, administrada pelo consórcio ViaQuatro.

Ainda não há prazo para que o CBTC seja instalado nas outras linhas.

Os contratos para a instalação do novo modelo foram assinados com a Alstom em 2008, ao custo de mais de R$ 700 milhões.

http://noticias.band.uol.com.br/transito-sp/noticia/100000625602/metro-testa-sistema-que-promete-reduzir-lotacao.html

Para evitar demissões, empresas japonesas confinam funcionários em 'sala do tédio'


Shusaku Tani, 51, é funcionário na fábrica da Sony em Tagajo (Japão), mas na realidade não trabalha. 

Há mais de dois anos, ele vai a uma pequena sala, ocupa seu lugar e passa o tempo lendo jornais, navegando na web e estudando manuais de engenharia que havia guardado na época de faculdade. 

No fim de cada dia, apresenta um relatório de atividades. 


A Sony, que o emprega há 32 anos, o confinou nessa sala porque não tem como se livrar dele. 

A empresa fechou sua vaga de trabalho, mas Tani se recusou a aceitar a aposentadoria antecipada que lhe foi oferecida -o que é seu direito de acordo com as leis trabalhistas do Japão. 

"Não vou deixar o emprego", diz Tani. "Companhias não deveriam agir assim. 

É desumano."

Funcionário da Sony na 'sala do tédio'
Funcionário da Sony na 'sala do tédio'

Casos como o de Tani são exemplos de uma batalha cada vez mais intensa sobre as práticas de contratação e demissão do Japão, onde o emprego perpétuo por muito tempo foi a norma. 

A Sony deseja mudar esse cenário. 

O primeiro-ministro Shinzo Abe também; ele quer afrouxar as rígidas regras para demissão de funcionários de tempo integral. 

Os críticos de mudanças nas normas trabalhistas afirmam que existe algo de importante em jogo. 

Alertam que tornar as demissões mais fáceis pode destruir o tecido social japonês em nome de propiciar mais lucros às empresas, o que causaria desemprego em massa e uma elevação na disparidade de renda. 

Para um país que sempre se orgulhou de sua estabilidade e de sua distribuição de renda relativamente justa, uma mudança como essa seria inaceitável. 

"Não é esse o tipo de país que o Japão procura ser", disse Takaaki Matsuda, que comanda a divisão do sindicato da Sony em Sendai. 

Seria uma mudança radical. A combinação de emprego perpétuo, salário definido por senioridade e intensa lealdade da força de trabalho recebeu crédito pelo milagre econômico do pós-guerra no Japão, um período em que crescimento e estabilidade caminhavam juntos.

Mas quando a economia japonesa começou a tropeçar, nos primeiros anos da década de 1990, as companhias constataram que as rígidas práticas trabalhistas tornavam cortes impraticáveis. 

PELA JANELA
 
Os trabalhadores desnecessários se viram forçados a passar seus dias olhando pela janela do escritório, o que deu origem à expressão "madogiwa zoku", ou "a tribo que senta à janela". 

Os proponentes de mudanças nas leis de emprego apontam que as fortes proteções aos trabalhadores levaram empresas a realizar grandes reduções em suas contratações, o que reduz as oportunidades de muitos japoneses mais jovens. 

A Sony contratou apenas 160 graduados das universidades do país este ano, ante mil em 1991. 

As empresas também se ajustaram recorrendo a uma segunda classe de funcionários temporários, que podem demitir com mais facilidade. 

Faixas de ônibus em São Paulo têm ao menos 20 regras

Se o crescimento do número de faixas exclusivas de ônibus em São Paulo está acelerando os coletivos, também está confundindo quem dirige carro ou moto pelas vias que receberam a novidade. 

A Folha levantou ao menos 20 regras diferentes entre os horários de funcionamento de faixas e corredores. 

O horário determina em que período a faixa é só para ônibus. 

O desrespeito pode resultar em multa que varia de R$ 53,20 (faixas à direita) a R$ 127,69 (à esquerda). 

Na avenida Paulista, por exemplo, carros estão proibidos de segunda a sábado das 6h às 22h. Logo adiante, na Doutor Arnaldo, a proibição acaba no sábado, às 14h. 

No corredor norte-sul, que engloba avenidas como 23 de Maio e Washington Luís, o sábado é liberado. 

Já nas marginais Tietê e Pinheiros, ao contrário dessas outras vias, as faixas funcionam apenas de segunda a sexta nos picos da manhã (das 6h às 9h) e da tarde (17h às 20h). Mas na Tietê é um horário em cada sentido, e na Pinheiros eles valem para os dois. 

O taxista Lino Firmino da Silva, 59, diz que as regras variam tanto que ele se arrepende quando arrisca entrar em algumas das faixas.
"Levei multa semana passada na Paulista. 

Era 13h05, deixei um passageiro na calçada e continuei na faixa porque ia virar em seguida, na alameda Campinas. Aí chegou a multa", conta. 

As regras para táxi também variam. Assim como os outros carros, eles são proibidos nas faixas à direita. Já nos corredores à esquerda, são liberados desde que estejam com passageiro e não usem película escura nos vidros. 

As faixas se tornaram a principal bandeira do prefeito Fernando Haddad (PT) na área de transporte público após a onda de protestos. Inicialmente sua meta era implantar 150 km até 2016. Após os protestos, ampliou o número para 220 km e antecipou o prazo para este ano. 

Até hoje, já foram implantados 130 km. Na segunda-feira começam a funcionar mais 6,7 km de faixas, em 11 vias da cidade.



 
PADRONIZAÇÃO
 
Segundo especialistas, a variação de regras atrapalha. 

Sergio Ejzenberg, mestre em transportes pela USP, diz que os horários exibidos nas placas de regulamentação são praticamente impossíveis de serem lidos à distância. 

"Os números são pequenos, e fica ainda mais difícil quando se está a 60 km/h. 

Quando chega perto, já está dentro da faixa. Ninguém dirige olhando para cima também", diz, sobre o local em que as placas são afixadas. 

Ele defende o uso de letras maiores, para facilitar a identificação das regras, e critica o ritmo de implantação das faixas, "que parece estar seguindo mais o critério político do que o técnico". 

O consultor Horácio Figueira, partindo de dados da pesquisa Origem/Destino, propõe uma padronização nos horários, com a criação de apenas três regras: das 6h às 14h, das 14h às 22h ou os dois combinados. 

"A demanda segue ao longo do dia, então sou favorável a aumentar os horários, para favorecer também quem anda de ônibus fora dos horários de pico", afirma. 

CRITÉRIOS
 
A prefeitura diz que diversos fatores são levados em consideração para definir o horário das faixas. 

"Além das características estruturais da via, como extensão e número de faixas de rolamento, também são levados em conta o fluxo de veículos e, principalmente, a quantidade de ônibus e o número de passageiros transportados", afirma, em nota. 

Segundo a gestão Haddad, "em bairros mais distantes do centro, o horário de maior movimentação de pessoas e veículos acontece antes do chamado horário de pico. 

Por esse motivo, nesses locais, as faixas exclusivas tem horários distintos, com funcionamento antes mesmo das 7h". 

MULTA
 
Começa hoje a aplicação de multas aos motoristas que invadirem a faixa exclusiva de ônibus do corredor norte-sul. 

Das 6h às 22h, quem for flagrado pelos 50 agentes destacados para a fiscalização estará sujeito a penalidade de R$ 53,20 e terá três pontos anotados na habilitação. 

A faixa foi implantada em três etapas e hoje funciona da praça Campo de Bagatelle, na zona norte, à avenida do Jangadeiro, na zona sul. 

Hoje começa a funcionar um quarto trecho da faixa, com percurso pela avenida Senador Teotônio Vilela, até a avenida Atlântica. 

A novidade é que, além de reservar a faixa da direita apenas aos ônibus, a prefeitura vai impedir a circulação de outros tipos de veículo por cerca de 420 metros, entre a rua Padre José
Garzotti e a avenida do Jangadeiro. 

A proibição será só no sentido centro, por período integral. Os motoristas terão de usar um desvio pela rua Icanhema. 

No novo trecho haverá período de orientação e ainda não há data para as multas.


Plano Diretor paulistano exige lojas em prédios perto de corredores


A São Paulo das torres residenciais de costas para as ruas, cercadas de muros e andares e mais andares de garagem não irá mais existir -ao menos não no entorno de corredores de ônibus, trem e metrô, prevê o novo Plano Diretor proposto pela gestão Fernando Haddad (PT). 

A prefeitura quer exigir que os prédios residenciais próximos de polos de transporte abram espaço para comércio no térreo e não sejam tão generosos na abertura de vagas para carros em garagens.

Pelas proposta, que será enviada à Câmara no mês que vem, perdem espaço os paliteiros -prédios altos e estreitos em relação ao terreno. 

Esse modelo de conjunto surgiu na última década em regiões como a avenida Jornalista Roberto Marinho (zona sul) ou o bairro da Vila Leopoldina (zona oeste). São prédios dotados de estrutura de dar inveja a muitos clubes. 

No lugar, entra um padrão comum em São Paulo até os anos 1970 -proibido pela lei atual e que voltará a vigorar em uma área equivalente a 12% do espaço urbano. 

A "nova cidade" será constituída de prédios colados uns aos outros, com calçadas largas (de cinco metros; mais do que o dobro de hoje), comércios no térreo e integrados à rua, tal qual a rua Fradique Coutinho (zona oeste) ou a av. São Luís (centro). 

"Temos que imaginar que vivemos em uma cidade com milhões de pessoas. Não podemos ter um padrão único de urbanização", disse o arquiteto Fernando Mello Franco, secretário municipal de Desenvolvimento Urbano. 

O conceito que sustenta o plano é fazer as pessoas morarem mais perto de onde estão as modalidades de transporte público coletivo.

Um exemplo "perfeito" do modelo que se pretende alcançar, diz Mello Franco, é o Conjunto Nacional, na avenida Paulista: uma construção que une parte comercial à residencial, com jardim suspenso e aberto para a rua.



PALITEIROS MAIS CAROS
Para levar adiante a ideia, o Plano Diretor incentivará a construção de prédios que aproveitem melhor o terreno, tenham mais unidades e menos vagas de garagem, apenas uma por apartamento. 

A premissa é que, por morar ao lado de um corredor de transporte, o carro será um objeto dispensável. 

Haverá um concurso de arquitetura para premiar projetos que se enquadrem nas características do perfil de prédio que a prefeitura quer. 

Ao mesmo tempo, a prefeitura quer desestimular nesses lugares um campeão de vendas do mercado atual: os chamados "condomínios-clube", aquelas torres cercadas de grandes áreas de lazer, com menos apartamentos por andar e muitas vagas de estacionamento à disposição. 

Ficará mais caro, por exemplo, erguer um prédio que ocupe uma pequena parte do terreno. Esse dispositivo, presente na lei atual, resultou em uma profusão de paliteiros. 

No novo Plano Diretor, esse tipo de construção exigirá pagamento adicional para a liberação da prefeitura, o que hoje não ocorre. 

GARAGEM
 
Outra mudança prevista no Plano Diretor da cidade é que, quanto mais vagas de garagens oferecer aos moradores, menos andares o prédio poderá ter. 

"Não que isso não vá mais existir na cidade. A tendência é que essas construções fiquem em áreas distantes do transporte público", diz o secretário Mello Franco. 

O mercado imobiliário criticou: diz que os imóveis devem ficar mais caros e que, se do ponto de vista urbanístico o plano parece ideal, na prática, pode ser inviável. 

25 agosto 2013

Procuram-se engenheiros e arquitetos no Nordeste

O mercado está aquecido para engenheiros, arquitetos e gestores de projetos em obras de infraestrutura e mobilidade urbana. 

O tráfego de pessoas e veículos é, aliás, o principal desafio dos especialistas em trânsito e sistemas de informação

O engenheiro Gustavo Dantas, de 34 anos,em Natal
O engenheiro Gustavo Dantas, de 34 anos,em Natal: contratado para tocar obras em torno do estádio Arena das Dunas

  Neste ano, o setor da construção gerou 10.200 postos de trabalho formais no Nordeste, segundo dados do Ministério do Trabalho. 

Em todo o ano passado, foram abertas 16.200 vagas. o volume de investimentos públicos concentrado na região é um dos principais fatores para o dinamismo da construção.

No ano passado, apenas o departamento Nacional de infraestrutura de Transportes investiu 1,28 bilhão de reais no Nordeste. Do total de ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), 37,6% se encontram na região. São empreendimentos como a transposição do rio São Francisco, a ferrovia Transnordestina e o canal do Sertão. 

A proximidade do ano eleitoral acelera o andamento das obras. 

"Principalmente no interior de Pernambuco, algumas construtoras retomaram contratos de obras públicas que estavam paralisados", diz Paulo lago, diretor regional na SH Formas, empresa especializada em equipamentos para a construção civil, com unidades em 13 cidades nordestinas.

Isso significa contratações em ritmo acelerado. "Há escassez de engenheiros especializados em obras de ferrovias, portos e mobilidade urbana, como metrôs", diz arthur costa Souza, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de arquitetura e Engenharia consultiva. Tampouco faltam oportunidades para gestores de projetos.

"Há uma carência muito forte de engenheiros capazes de projetar obras e geri-las do início ao fim", diz Paulo, da SH Formas. 

Além das grandes obras de infraestrutura, as arenas construídas para a Copa do Mundo em Salvador, Fortaleza e Recife ainda movimentam o mercado de trabalho. 

A arena das dunas, em Natal, será a última a ser entregue, em dezembro deste ano.

Com a conclusão dos estádios, a mão de obra especializada em construção está migrando para os projetos de hotéis, shopping centers e obras viárias. 

O Grupo Odebrecht deve entregar no ano que vem o empreendimento Novo Mundo Empresarial, um complexo com valor de venda de 430 milhões de reais, que terá hotel, centro de negócios, comércio e serviços.

Reação em cadeia

"Recife tem disparado o maior volume de obras, principalmente com os investimentos na área industrial do porto de Suape”, diz Paulo, da SH Formas. 

São projetos nas áreas petroquímica e naval.

"Agora, um novo complexo está se desenvolvendo no litoral norte, o que diversifica a economia pernambucana", afirma Gustavo de Miranda, presidente do Sindicato da Indústria da construção civil no Estado de Pernambuco.

O Ceará também está com bom ritmo de contratação por causa dos projetos nas áreas de siderurgia e indústria petroquímica ao redor do porto de Pecém e das obras em avenidas e viadutos em Fortaleza.

Um dos que aproveitam o bom momento do setor da construção no Nordeste é o engenheiro civil cearense Gustavo dantas, de 34 anos. 

Nos últimos anos, Gustavo trocou várias vezes de endereço entre os estados nordestinos para atender à demanda constante por mão de obra.

Em 2005, atuou em projetos de usinas termelétricas no complexo industrial e portuário do Pecém, no Ceará. 

Dois anos depois, foi contratado para trabalhar em gasodutos e refinarias da Petrobras, viajando entre Sergipe e Bahia. 

Depois de uma passagem de um ano no Rio de Janeiro, Gustavo foi convidado para coordenar projetos no complexo de Suape.

Agora, mora em Fortaleza, onde foi contratado para tocar obras na área de mobilidade urbana. "Há oportunidades de trabalho surgindo o tempo todo", diz.

Imóveis de alto padrão

O aumento do poder aquisitivo da população também contribui para o cenário positivo do setor imobiliário em Recife, Maceió, Fortaleza e Natal. 

Nessas capitais, a demanda por imóveis de alto padrão merece destaque. "Hoje, alta renda e classe média alta são os mercados mais promissores e estáveis", diz Djean Cruz, superintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias para Bahia e Pernambuco.

Por consequência, os imóveis de alto padrão geram oportunidades para designers de interiores e arquitetos.

O reconhecido arquiteto baiano Antônio Caramelo vem sendo bastante requisitado pelos segmentos de luxo, hotéis e shopping centers.

Para Caramelo, é preciso estar atualizado para aproveitar as oportunidades. "Arquitetura contemporânea é essencialmente de alta tecnologia. 

É difícil encontrar jovens profissionais com conhecimento técnico e em tecnologia", diz.

Caos urbano

Com o aumento do poder aquisitivo, o nordestino também está comprando mais carros. 

De acordo com o Detran, havia 1,4 milhão de veículos circulando em Pernambuco em 2008. Hoje, são mais de 2,3 milhões de automóveis. Na Bahia, são 2,9 milhões de carros em circulação.

A Prefeitura do Recife criou uma secretaria municipal para propor e implementar soluções para melhorar o tráfego de pessoas e veículos. 

Além de considerar a possibilidade de rodízio de automóveis, outros projetos estão sendo discutidos como o Capibaribe Navegável, que pretende utilizar transporte aquaviário nas zonas norte e oeste da cidade.

As bicicletas também começam a ganhar mais adeptos em Recife e Petrolina. 

O grupo pernambucano Serttel é responsável pelo projeto de compartilhamento de bicicletas realizado em parceria com o banco ItaúUnibanco.

A empresa também desenvolve projetos de gestão de estacionamentos públicos, parquímetros e manutenção e gestão de redes de semáforos de trânsito. 

A Serttel emprega mais de 1.400 funcionários e trabalha com soluções tecnológicas para gerenciamento de trânsito.

"Estamos em busca de engenheiros de trânsito e de sistemas de informação", diz AngeloLeite, presidente da Serttel. 

São problemas que geram empregos para muita gente.

http://exame.abril.com.br/revista-voce-sa/edicoes/183/noticias/canteiro-permanente-de-obras?page=1




 

Estudante de arquitetura transforma ônibus escolar em uma confortável casa sobre rodas

Ônibus escolares são tão divertidos! Os assentos flexíveis, as janelas estranhas, o motor barulhento — tudo isso talvez remonte a uma época da sua vida onde as preocupações eram poucas e a diversão, muita. Mas você já se imaginou morando em um deles? Hank Butitta já.
Em seu último semestre na faculdade de arquitetura, Butitta se cansou de fazer projetos que só existiam no papel, aqueles que se destinavam a um arquivo e ao esquecimento.

 Ele ficou farto de criar projetos com os quais ninguém se importava. O que ele fez, então? Comprou um ônibus escolar.

Ao longo de 15 semanas, Butitta transformou o veículo em uma casa moderna e bem estilosa. 

Equipado com todas as conveniências necessárias, incluindo duas camas, uma pequena cozinha e banheiro, o ônibus convertido em casa é capaz de rivalizar com qualquer veículos do tipo em funcionalidades — mantendo sua aura de único de sua espécie. 

Depois da apresentação final do seu trabalho, Butitta e alguns amigos embarcaram em uma viagem de oito mil quilômetros para testá-lo. De acordo com seu site, Hank Comprou Um Ônibus, o grupo ainda está na metade do caminho e a julgar pelas fotos, o ônibus é um sucesso. [Home Designing]

A vista interna a partir dos fundos do ônibus

onibus-casa-1

E da frente para os fundos

onibus-casa-2

As camas armadas

onibus-casa-3

A cama definitiva

onibus-casa-4

As camas e a saída de emergência funcionam como belos assentos

onibus-casa-5

O assento do motorista

onibus-casa-6

A história

vídeo -> http://gizmodo.uol.com.br/onibus-escolar-casa/

Motorista não foi único responsável por acidente de trem na Espanha, diz juiz

Sinalização da via onde ocorreu acidente que deixou 79 mortos era insuficiente, o que pode culpar também duas empresas 
 
O juiz do caso do trem que descarrilou e deixou 79 pessoas mortas em 24 de julho na cidade de Santiago de Compostela, na Espanha, considerou nesta terça-feira (20/08) que o maquinista não foi o único culpado pelo acidente: os responsáveis pela segurança do local do ocorrido, empregados pela Adif, que administra as ferrovias, também foram indicados como réus.

Em um documento, o magistrado Luis Aláez explicou que definirá a data da audiência em que os acusados serão citados assim que a companhia pública Adif informar a identidade dos responsáveis de segurança.
Aláez especifica que as mortes e lesões causadas pelo acidente estão "obviamente conectadas" com a condução inadequada e o excesso de velocidade do maquinista, Francisco José Garzón, mas afirma ser possível "deduzir também sua conexão com a omissão de medidas de segurança preventivas de natureza viária e, definitivamente, com uma conduta imprudente das pessoas responsáveis por garantir uma circulação segura no lance da via onde aconteceu a catástrofe".



Bombeiros trabalham em local do acidente, em Santiago de Compostela, capital da Galícia; 79 pessoas morreram  

O juiz considera ainda que essa omissão por parte da segurança da via é “uma imprudência passível de punição, pois, perante a existência de um risco significativo à circulação, o sistema de segurança não tem nenhum recurso que o resolva automaticamente ou advirta o maquinista sobre esse risco concreto mais que de modo indireto”.

Número de motos já é maior do que o de carros nos Estados do Norte e do Nordeste

Fábrica de motos em Manaus; frota e acidentes dispararam nos últimos cinco anos no Norte e no Nordeste 
Fábrica de motos em Manaus; frota e acidentes dispararam nos últimos cinco anos no Norte e no Nordeste

Regiões mais pobres do país, Norte e Nordeste viram uma mudança do perfil de sua frota nos últimos anos e, hoje, já têm mais motos do que carros circulando nas ruas.

Segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), em 2012 o número de motos nas duas regiões superou o dos carros, diferente do que aconteceu nas demais regiões do país.

No Nordeste, o número de motos e motonetas superou a marca de 5 milhões, contra 4,9 milhões de carros nas ruas. 

O salto do número de motos é recente –elas praticamente dobraram de quantidade em apenas cinco anos. 

Em 2008, eram 2,6 milhões de motos e 3,3 milhões de carros.

No Norte, a proporção é ainda maior: 1,6 milhão de motos contra 1,2 milhão de carros. 

A maior quantidade de motos na região, porém, é um fenômeno menos recente: desde 2008 isso ocorre. Para efeito de comparação, o Estado com maior frota --São Paulo-- tem uma moto para cada 3,1 carros circulando nas ruas. No país, essa média é de 2,1.
  • Arte/UOL

Explicação econômica

A explicação para a febre das motos nas duas regiões é econômica. 

O aumento real do valor do salário mínimo, as facilidades no crédito e até o Bolsa Família explicam a mudança de perfil da frota nas duas regiões mais pobres do país.

"A renda média da população pobre cresceu de forma significativa nos últimos anos, e cresce mais rápido que a das classes A e B", informou a economista Luciana Caetano, citando que as duas regiões são basicamente dominadas por pessoas das classes C, D e E, principais públicos das motos.

"Muitas vezes o proprietário consegue a receita para pagar a parcela com a própria movimentação que tem. É o substituto do cavalo, do jumento, da carroça", disse Caetano.

 Acidentes crescem

Com as motos e suas facilidades, as duas regiões passaram a registrar mais mortes no trânsito. 

 O crescimento no número de óbitos fez o assunto entrar no topo da lista de problemas de saúde pública nas duas regiões, especialmente nas emergências do interior.

Segundo dados do Datasus, do Ministério da Saúde, a região que registrou maior aumento no número de mortes foi o Nordeste. Entre 2006 e 2011, o número absoluto de óbitos saltou de 2.125 mortes para 4.035. Ou seja, por dia, 11 nordestinos morrem por dia em acidentes.

Traduzindo em dados, o crescimento foi de 89%, 30 pontos percentuais a mais que a média nacional do mesmo período, que foi de 59%.

"O número de acidentes é extremamente preocupante. 

Sem dúvida é uma epidemia. 

Da quantidade de leitos usados pelo SUS [Sistema Único de Saúde], a grande maioria é para vítimas de acidentes de moto. 

É um gasto enorme", disse Eloy Yanes, coordenador do Comitê para Redução de Morbimortalidade no Trânsito de Alagoas.

Imprudência

Além de tirar vidas, os acidentes também causam prejuízos aos cofres públicos. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Tráfico, a cada morte, cinco pacientes por acidente de moto são internados em estado grave em um hospital.

Já segundo levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), cada paciente custa, em média, R$ 152 mil aos hospitais, sobrecarregando o serviço público de saúde, especialmente nos Estados pobres.

Para Yanes, muitos condutores não estão verdadeiramente aptos a dirigir motos na região. 

"O acidente de trânsito não é uma fatalidade, é algo perfeitamente evitável. 

Ou foi uma falta de boa condução, ou de cuidado, ou imprudência. 

Mesmo com Lei Seca, aqui temos muitos condutores bebendo e dirigindo", disse.



Arquivo INFOTRANSP