O número de mortes no trânsito brasileiro cresceu 13,9% em 2010,
de acordo com dados recém-consolidados do Ministério da Saúde. Foram 42.844
óbitos, uma média de 117 mortes por dia, ante 37.594 no ano anterior, quando 103
pessoas morreram por dia.
A maior alta foi registrada entre ocupantes de motocicletas, com variação de
16,7% - 10.825 mortos em 2010, ante 9.268 em 2009. O índice de óbitos de
pedestres também cresceu no período - passou de 8.799 para 9.944, alta de 13%.
As mortes de ocupantes de automóveis aumentaram 11%, de 8.133 para 9.059.
E mortes de ocupantes de caminhões, ônibus, veículos pesados e outros tipos
de acidentes não detalhados somaram 11.434 vítimas - em 2009, foram 9.783,
variação de 16%. Veículo visto como inofensivo, usado até por adolescentes em
cidades litorâneas, os triciclos estiveram ligados a 69 mortes em 2010. No ano
anterior, foram 38 óbitos, um aumento de 81%.
Do total de mortes, 15.598 foram no Sudeste. Logo atrás está o Nordeste, com
11.853 óbitos. Depois vêm o Sul (7.585), Centro-oeste (4.441) e Norte (3.367). O
balanço confirma ainda a tendência de que são os mais jovens as principais
vítimas da violência no trânsito. Na distribuição entre faixas etárias, 11.277
vítimas, o equivalente a 26,3% do total, tinham entre 21 e 29 anos. Da faixa
etária entre 30 e 39 anos, morreram 8.303 pessoas (19,3% do total).
Frota. O diretor da Associação Brasileira de Medicina do
Tráfego (Abramet), Dirceu Rodrigues Alves Júnior, afirma que o aumento da frota
é o responsável pelo crescimento das mortes. "Ela cresce de maneira geométrica",
afirma ele. De acordo com o médico, o aumento de carros favorece o maior número
de acidentes com motocicletas. "Com o maior número de veículos e a redução de
espaços nas ruas, há mais acidentes com motos", diz.
Segundo ele, a curto prazo, fiscalização e prevenção são as melhores medidas
para amenizar os números, mas só com educação é que haverá uma queda
significativa. "Ensinando crianças dos 5 até os 18 anos, queremos mudar a
cultura da população em relação à mobilidade sobre rodas", afirma.
Alves Júnior ressalta que a preparação dos novos motoristas não é boa o
suficiente. "É concedida a carteira ao motorista, que desconhece a adversidade.
Ele não sabe dirigir de noite, na chuva ou evitar uma capotagem", diz. Segundo
ele, para melhorar a capacitação dos motoristas, seria necessário o uso de
simuladores nos Centros de Formação de Condutores (CFCs).
Capital.Na cidade de São Paulo, morreram 1.365 pessoas em
acidentes de trânsito em 2011. Em 2010, haviam sido 1.357. Do total de mortos em
2011, 512 eram ocupantes de motocicletas. Segundo a Companhia de Engenharia de
Tráfego (CET), não são os motoboys quem puxam para o alto as estatísticas.
Somente 8% das vítimas atuavam fazendo o serviço de motofrete.
A Prefeitura afirma que tem investido na fiscalização para tentar diminuir as
mortes de usuários de motocicletas. Entre as medidas tomadas está o uso de
radares-pistola, que flagram aproximadamente 400 motos por dia. De acordo com o
Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran), havia 928 mil motos em
circulação na capital em 2011.
Locais. A maioria das mortes no trânsito de São Paulo ocorre
na Marginal do Tietê. Em 2011, foram 54 casos. Logo atrás está a Avenida
Jacu-Pêssego, com 25 casos - a via foi a que teve o maior aumento no número de
óbitos em 2011. No ano anterior, foram 10 casos, uma variação de 150%. O aumento
é creditado ao prolongamento da avenida, que passou a fazer ligação entre o
Trecho Sul do Rodoanel e a Marginal do Tietê.