O uso irresponsável do carro e sua supremacia em detrimento a outros meios de
transporte são os maiores erros no direcionamento das políticas públicas para o
trânsito paulistano.
A crítica é do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT),
ao abrir na manhã desta quarta-feira (9) o primeiro dia do Fórum de Mobilidade
Urbana da Folha.
Para ele, a sensação é de que toda a superfície da cidade foi privatizada com
a escolha do meio de transporte classificada por ele como 'indigesta'.
"Todo
investimento viário de São Paulo teve o carro como beneficiário direto.
As
marginais são prova disso", analisou.
Ele também analisou sua principal bandeira no que diz respeito ao transporte
público: as faixas exclusivas de ônibus. Haddad afirmou que acreditava que fosse
perder apoio.
Mas isso não aconteceu, segundo ele próprio.
"Estou muito otimista com o futuro de São Paulo", disse o prefeito no
auditório do Tucarena, na zona oeste da cidade.
Para o prefeito, São Paulo tem uma malha viária significativa, mas não há
espaço para todos os veículos particulares.
"O problema não é todo mundo ter
carro.
O problema é o modo de usar", afirma.
"Os meios viários dão foco demais
no carro como meio de transporte. Toda a superfície de São Paulo é privada",
analisa.
A maioria das faixas exclusivas de ônibus foram implantadas pela gestão de
Haddad após o início da onda de protestos que derrubou o preço da tarifa, em
junho.
Inicialmente, a meta era fazer 150 km até 2016.
Após os protestos, passou
para 220 km e já foi superada: a cidade atingiu 224,6 km de faixas com essa
última ação.
Cada uma das faixas implantadas tem horário de ativação diferenciado de
acordo com as características do viário onde foi implantada.
Os corredores de
ônibus possuem regras diferentes --também são compartilhados com os táxis em
qualquer dia e horário, desde que o veículo esteja com passageiro e não usem
películas escuras nos vidros.
Ele citou o legado de Curitiba que, na década de 1970, criou o sistema de
corredores exclusivos para ônibus articulados, o BRT e revolucionou o ir e vir
dos curitibanos.
"Nós exportamos para o mundo inteiro [tecnologia de transporte] e não
exportamos essa mesma tecnologia para outras cidades", disse.