Nas 12 cidades-sede que vão receber jogos do Mundial, o que mais preocupa são os problemas de transporte e hospedagem
Ônibus em São Paulo: Comitê Organizador Local (COL) continua esbanjando otimismo quanto aos transportes
Rio de Janeiro - A um ano e meio da Copa do Mundo
de 2014 e seis meses da Copa das Confederações, cujo sorteio será
realizado no próximo sábado, em São Paulo, milhares de operários
trabalhavam dia e noite para concluir os estádios, que devem ficar
prontos a tempo, enquanto muitas reformas de aeroportos e obras de
mobilidade urbana ainda nem começaram.
Nas 12 cidades-sede que vão receber jogos do Mundial, o que mais
preocupa são os problemas de transporte e hospedagem. Mesmo assim, o
Comitê Organizador Local (COL) continua esbanjando otimismo.
"O nosso planejamento garante a realização dos eventos atendendo todas
as exigências e respeitando todos os compromissos firmados com a Fifa",
assegurou à AFP Luis Fernandes, representante do Governo Federal no COL.
Já José Roberto Bernasconi, presidente do Sindicato Nacional da
Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco) avalia que "os estádios vão ficar
prontos, teremos algumas obras de infraestrutura, mas não todas as que
poderíamos ter".
De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), as obras dos
estádios avançam "em ritmo satisfatório", graças a investimentos maciços
de dinheiro público, mas "a reforma dos aeroportos avança em ritmo
lento".
As obras nem começaram nos dois aeroportos de São Paulo, capital econômica do país.
Com um custo avaliado em cerca de 13,6 milhões de dólares, a Copa de
2014 "será uma grande festa, mas não vai deixar nenhum legado à
população.
É uma grande oportunidade desperdiçada e a ressaca pode se
estender durante toda uma geração", criticou o urbanista Chris Gaffney,
que estuda o impacto da Copa e dos Jogos Olímpicos de 2016 para a cidade
do Rio de Janeiro.
Já o diretor executivo do COL, Ricardo Trade, opina que estes eventos
aceleraram a realização de obras necessárias há muito tempo e que
precisavam de um impulso para ser iniciadas.
"Algumas cidades se transformaram em mega-canteiros de obras. Estas
melhorias teriam sido realizadas bem mais tarde se não houvesse uma Copa
do Mundo no país", comentou Trade.
Além da questão do transporte, a expectativa de receber meio milhão de
torcedores dos quatro cantos do mundo pode se transformar num verdadeiro
quebra-cabeças em termos de hospedagem.
Na segunda-feira, o secretário-geral da Fifa, o francês Jerôme Valcke
deu o exemplo de uma cidade-sede, que preferiu não citar, na qual "há
apenas 17.000 quartos de hotel enquanto o estádio tem capacidade para
45.000 torcedores. Neste caso, alguma coisa está errada.
Mesmo com três
pessoas na mesma cama, ainda teríamos 10.000 pessoas sem cama",
ironizou.
Temos que trabalhar duro para termos certeza de que os torcedores serão muito bem acolhidos", completou Valcke
Em termos de segurança, as autoridades brasileiras estão confiantes no
plano de segurança lançado no final de agosto, que designa as zonas que
serão protegidas, organiza a coordenação das diferentes forças policiais
e das forças armadas, e define os principais riscos: torcedores
violentos, crime organizado, ameaça terrorista.
A taxa média de homicídios no Brasil ainda é uma das mais elevadas do
mundo, com 25 mortos para cada 100.000 habitantes, mas o país não
enfrenta problemas com terrorismo.
No que diz respeito às telecomunicações, o próprio ministro dos
Esportes, Aldo Rebelo, admitiu que a qualidade do serviço era
"insatisfatória", mas assegurou que tudo será resolvido até a Copa.
No
entanto, existe uma certa preocupação em relação ao 4G que deverá
funcionar nas 12 cidades-sede, já que as oporadores que venceram a
licitação para operar o sistema já foram penalizadas por não honrar seus
compromissos em relação ao 3G.
O governo também criou uma comissão para evitar apagões como aquele que deixou dez estados do Nordeste sem luz em outubro.
No entanto, para os torcedores brasileiros, a maior preocupação é a má fase atual da seleção.
A equipe passará a ser comandada por Luiz Felipe Scolari, técnico do
'Penta' em 2002, que deve ser confirmado no cargo oficialmente nesta
quinta-feira, substituindo Mano Menezes, demitido na última sexta-feira
após tensões entre o presidente da CBF José Maria Marin e o diretor de
seleções Andres Sanchez, que renunciou ao cargo nesta quarta-feira.
Durante os dois anos e meio da era Mano Menezes, o Brasil chegou a cair
para a 14ª posição do ranking da Fifa (hoje ocupa o 13º lugar).