18 setembro 2012

MOBILIDADE SUSTENTÁVEL .

O desenvolvimento sustentável pressupõe a existência de transporte e de mobilidade também sustentáveis, sendo o transporte essencial para a vida em sociedade e para o desenvolvimento econômico. 

Modelos pouco eficientes de transporte impõem pesado ônus à sociedade e aos governos, contribuindo para degradar os recursos naturais e ambientais.

Esta frase consta da conclusão do trabalho "O custo do insustentável”, elaborado pela Ilats – Iniciativa Latinoamericana para o Transporte Sustentável e divulgado na 18ª. Semana de Tecnologia Metroferroviária, realizada pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô – AEAMESP, em São Paulo.

O autor do texto Luiz Antonio Cortez Pereira, do Metrô-SP foi o moderador do painel "Mobilidade Sustentável” apresentado na manhã de hoje (13).

Pesquisa sobre o grau de sustentabilidade de 120 cidades do mundo, apresentada pelo engenheiro Reynaldo Goto, da Siemens (patrocinadora do estudo), mostra que muito tem sido feito, apesar das perspectivas pouco otimistas do estudo da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, sobre a redução em 20% das emissões até 2025.

O Green City Index (Índice de Cidade Verde), pesquisa da Unidade de Inteligência da revista The Economist, do Reino Unido, apurou, entre outras coisas, que Estocolmo, Suécia, é a cidade onde o transporte público é mais utilizado pela população: 93% das pessoas não usam automóvel para ir ao trabalho, ante 63% de Londres, índice igual ao da média das cidades européias pesquisadas. 

Já nos Estados Unidos, apenas 13% das pessoas deixam o carro em casa para ir ao trabalho de transporte coletivo, na média das cidades pesquisadas. 
Em conseqüência, o índice de CO2 mais alto é nos EUA, 14,5 ante 5,2 das cidades européias e de apenas 2,2 em Oslo, Noruega. 

Reinaldo Goto afirma que os trinta indicadores do estudo mostram que muito vem sendo feito visando a sustentabilidade ambiental, em especial no transporte, energia, consumo de água, resíduos sólidos e uso de solo.

Oswaldo Lucon, assessor técnico e representante do secretário de Meio Ambiente, Bruno Covas, disse que nos últimos doze meses, desde que fez palestra sobre o mesmo tema na 17ª. Semana de Tecnologia Metroferroviária, as mudanças ocorridas contribuíram para comprometer ainda mais o meio ambiente, como a seca dos últimos meses. 

Lucon criticou as políticas públicas de incentivos ao consumo de automóveis em prejuízo do transporte público, citando o aumento de 37% no consumo de gasolina e de 27% no diesel e a queda de 34% no consumo de etanol. "Enquanto investe apenas 0,4% do PIB em transporte, o governo federal oferece isenção fiscal de US$ 10 bilhões para a indústria automobilística e nada contribui para a construção do metrô de São Paulo, que consumiu R$ 2,8 bilhões na Linha Amarela”.

Na defesa do transporte público sobre trilhos, Luiz Antonio Cortez Ferreira citou as 1,2 milhão de mortes causadas pela poluição atmosférica no mundo, em que os veículos automotores são os principais responsáveis, e outros 1,3 milhão, por acidentes de trânsito.
Georges B. Darido, representante do Banco Mundial, que financia entre outras as obras do metrô nas linhas 4 e 5, defende também o uso de transporte não motorizado. 

Ele citou o projeto piloto do banco na região da Avenida Eng. Luiz Carlos Berrini, no Brooklin, São Paulo, que reúne inúmeros prédios de escritório, incentivando uso de bicicleta, carona, trabalho em casa e transporte coletivo contra o uso intensivo de automóveis.

Por sua vez, Marcos de Souza, editor do Portal Mobiliza Brasil criticou o estado das calçadas em toda a cidade, que desestimula o exercício da caminhada para o trabalho e os riscos de acidentes com uso de bicicletas. "No Brasil ocorrem 21 acidentes em cada 100 mil habitantes, contra apenas sete no Chile, onde o estímulo ao transporte público é muito maior do que em São Paulo”.

O vereador Gilberto Natalini (PV), presidente da Comissão Extraordinária do Meio Ambiente da Câmara da capital defendeu "as metas audaciosas” da Prefeitura, entre elas, a construção de duas usinas de energia de gás metano de lixo e a lei que exige a substituição até 2018 de toda a frota de ônibus urbanos por ônibus dotados de combustíveis limpos. 

Sobre a falta de contribuição da Prefeitura às obras do metrô, Natalini alegou falta de recursos, exemplificando que dos quatro milhões de miseráveis existentes no Brasil, dois milhões vivem em São Paulo.

Arquivo INFOTRANSP