Atualmente, dois projetos estão em andamento em cidades brasileiras, Porto Alegre (RS) e Nova Iguaçu (RJ). Com o primeiro em fase final, e o segundo, no início, as iniciativas são um exemplo de como a tecnologia rompe com a cultura rodoviária do país e surge como uma alternativa para driblar o caos do trânsito nas grandes cidades - seu custo é cerca de R$ 30 milhões por quilômetro construído, enquanto o do metrô pode custar até dez vezes mais, em cidades como São Paulo (SP). "A ideia foi associar o sistema de roda trilho à tecnologia aeronáutica, construindo um veículo extremamente leve e resistente", afirma o fundador da empresa responsável pela tecnologia do veículo, a Aeromóvel Brasil S.A. (ABSA), Oskar Coester.
Desenvolvido em projetos conceituais desde a década de 1970, só agora o aeromóvel se torna popular. "Toda a inovação de ruptura leva tempo para ser assimilada pela sociedade, e o aeromóvel está completando agora esse período, de mais de 30 anos, afirma o diretor de engenharia da ABSA, Diego Abs. Coester completa: "as pessoas demoram a entender que existem projetos novos, outras maneiras de fazer as coisas. Foi assim com a aviação a jato, por exemplo".
Segundo o arquiteto Ado Azevedo, envolvido nos projetos dos aeromóveis da capital gaúcha e de Nova Iguaçu, a demora nacional e mundial para se investir nessa tecnologia se deve a uma tradição de investimento em transportes rodoviários, especialmente no Brasil. "O metrô é a solução para linhas com muita demanda, mas o aeromóvel é mais eficiente e econômico do que as linhas de ônibus.
Com a conclusão da linha de Porto Alegre, as pessoas vão se dar conta de que ele é uma possibilidade, que o nosso investimento em transporte rodoviário foi um erro histórico. Agora é uma questão de tempo até superarmos o paradigma rodoviário", acredita.
Projeto em Nova Iguaçu será mais extenso
Apesar de utilizarem a mesma tecnologia, as iniciativas desenvolvidas em Nova Iguaçu e Porto Alegre apresentam diferenças estruturais.
A construção gaúcha já está em sua fase final, e conta com uma linha de 1.100 metros, duas paradas e ligação direta para o Aeroporto Internacional Salgado Filho.
A de Nova Iguaçu está em fase de licitação e terá duas linhas, com sete e oito quilômetros de extensão inicialmente.
Projetada dentro do PAC da Mobilidade Urbana, com verbas do governo federal, a primeira linha passará por diversos bairros, com seis estações, a um custo estimado de R$ 250 milhões.
A segunda linha ligará o centro da cidade ao antigo aeroclube - que será reativado - e foi desenvolvida dentro do sistema de concessão à iniciativa privada por um período de 25 anos.
Com custo estimado de R$ 450 milhões, a linha contará com nove estações ao longo de seus oito quilômetros em sua primeira fase.
O projeto do aeromóvel de Nova Iguaçu será desenvolvido pelo engenheiro Fernando MacDowell, especialista em transportes. "Diferentemente de Porto Alegre, serão dois sistemas extensos", compara Ado Azevedo.
"O projeto de Porto Alegre conta com dois veículos com capacidade para 300 e 360 pessoas, que não operam ao mesmo tempo, enquanto os de Nova Iguaçu serão maiores, com capacidade para até 600 pessoas.
Será um sistema de transporte de massa, uma espécie de metrô em via elevada", compara o diretor de engenharia da ABSA.
As operações em Porto Alegre estão previstas para iniciar em 2013, a um custo estimado de R$ 33 milhões. Ambas construções contarão com tecnologia 100 por cento nacional.
"É uma fonte de energia limpa e de baixo consumo, justamente por ter uma grande eficiência energética.
Também é uma tecnologia simples, que demanda pouca manutenção, por utilizar peças de prateleira em série, e não específicas.
Em Jacarta, por exemplo, a manutenção beira o zero", ressalta Abs, mencionando o projeto de aeromóvel da capital indonésia, finalizado em 1989 e que conta com seis estações em 3,2 quilômetros de extensão, com três veículos que levam 300 passageiros cada.
Ado Azevedo também destaca as qualidades do meio de transporte, que tem grandes diferenças em relação ao metrô e ao ônibus. "O metrô tem alta capacidade de transporte de passageiros (cerca de 80 mil por sentido), enquanto o aeromóvel tem uma capacidade intermediária entre o sistema de metrô e o de ônibus, sendo muito mais eficiente que o último, com uma capacidade 25 mil passageiros por sentido.
Além disso, é mais flexível, resistente, leve e de execução mais simples do que o metrô", ressalta