Rio -  Sabotagem detectada nos trilhos da SuperVia ontem, por pouco não estraga a festa de estreia do trem chinês. Na véspera de a primeira composição comprada pelo governo do estado entrar em operação no ramal de Deodoro, uma corda foi amarrada nos cabos da rede aérea de eletricidade próximo à estação de Queimados. A armadilha poderia ter provocado a paralisação de todo o ramal.

A SuperVia informou que vai registrar o caso na Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD). Há suspeitas de que os responsáveis pelo episódio sejam ligados às quadrilhas denunciadas por
ODIA na semana passada, que revendiam bilhetes de integração metrô-trem.
Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Grupo que seria liderado por oficial da PM da Baixada pode ter planejado a ação. A venda ilegal levou SuperVia e Metrô Rio a mudarem a integração e adotarem o Bilhete Único, o que elevou a tarifa de R$ 4,20 para R$ 4,95. A fraude rendia até R$ 1,44 milhão por mês ao bando.

INVESTIGAÇÃO


O caso será comunicado à Delegacia do Consumidor (Decon), que já instaurou inquérito para investigar a guerra pela disputa do controle de pontos de venda dos bilhetes. A estimativa é de que mais de 40 mil dos 70 mil bilhetes de integração vendidos diariamente eram fraudados.

A viagem inaugural foi considerada um sucesso. O movimento mais suave nos trilhos, a limpeza e a amplidão da composição — cujos vagões são interligados — surpreendeu os passageiros. O governador em exercício, Luiz Fernando Pezão, e o secretário estadual de Transporte, Júlio Lopes, participaram do primeiro embarque.

Horário de pico sem nova composição


O trem chinês da SuperVia que começou a circular ontem só vai operar fora do horário de rush nos primeiros 30 dias. A composição ficará em operação ‘assistida’, com monitoramento por dois técnicos chineses. Outros oito trens novos entram em operação até julho e, a partir de agosto, os 30 deverão estar nos trilhos.


Ontem, na viagem inaugural, o governador em exercício, Luiz Fernando Pezão, o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, e o presidente da SuperVia, Carlos José Cunha, foram da Central à estação Silva Freire, que está em obras e será reativada após 44 anos fechada. Como ontem, o trem fica hoje no ramal de Deodoro, mas pode ser realocado para outras linhas.


Elogios ainda desconfiados


Na volta para a Central, o novo trem parou nas estações S. Francisco Xavier e S. Cristóvão, onde foi aberto ao público, que elogiou, ainda desconfiado e com críticas ao sistema ferroviário.


“É mais amplo, silencioso e confortável. Mas não adianta colocar um trem novo, tem que ter mais e diminuir os intervalos”, pediu o gerente de processamento de dados, Rodrigo Santos Azevedo, 28 anos, que mora em Marechal Hermes e vai todo dia de trem para o trabalho, na Praça da Bandeira.


Já a estudante Raquel de Souza, 32, ainda não está confiante de que o conforto será mantido na hora do rush: “Quero ver esse trem no horário de pico, se vai dar conta da quantidade de passageiros”.