11 março 2012

Metrô usa engenharia de confiabilidade


Sistema minimiza falhas e aumenta seguridade

O sistema metroviário não permite falhas e para garantir que elas não ocorram, o Metrô de São Paulo tem investido em ferramentas de Engenharia de Confiabilidade para realizar avaliações do desempenho técnico, econômico e análise de risco.

O princípio deste segmento da engenharia é estudar a confiabilidade no sistema de maneira geral. As decisões são tomadas pautadas nos aspectos levantados anteriormente.


No dia 17 de maio, Marcelo Sanchez Turrini, engenheiro especialista de Manutenção do Metrô, estará no 10º SIC (Simpósio Internacional de Engenharia da Confiabilidade), realizado pela ReliaSoft, em Salvador (BA), para falar do assunto, porém antes, ele concedeu a entrevista a seguir para explicar um pouco da aplicação desta metodologia de trabalho no sistema metroviário de São Paulo.


De acordo com Sanchez, os métodos da Engenharia da Confiabilidade ainda são poucos utilizados no Brasil se restringindo a alguns setores da indústria como automotivo, aeroespacial, naval, de petróleo, nuclear, de mineração e metroferroviário. “Acredito que o potencial na gestão do desempenho econômico em O&M seja pouco explorado, limitado à gestão de recursos materiais e humanos”, destaca.

É a primeira vez que o Metrô SP participa do SIC? Explique o interesse da empresa em estar no evento?

Não, o Metrô participa do SIC desde 2005. A empresa busca constante atualização tecnológica e aprimoramento nas técnicas de Gestão de Ativos suportadas pela Engenharia da Confiabilidade. Os seminários internacionais de confiabilidade promovidos pela ReliaSoft têm contribuído nesse sentido.


De que forma a Engenharia da Confiabilidade tem sido aplicada na atualização das atuais linhas do Metrô e no desenvolvimento e construção de novas linhas?

O Metrô incorporou em suas especificações técnicas, utilizadas nos processos de licitação para modernização, ampliação e construção de novas linhas, os requisitos de confiabilidade conforme as normas CENELEC EN 50126 – Railway Applications - The specification and demonstration of Reliability, Availability, Maintainability and Safety (RAMS).

A partir da implantação de Análises de Confiabilidade nos processos de gestão de ativos do Metrô SP, quais as principais mudanças adotadas para aumentar a capacidade produtiva, garantindo a mantenabilidade e disponibilidade de cada equipamento?


As Análises de Confiabilidade suportam a Gestão de Ativos através de avaliações baseadas no desempenho técnico, econômico e na análise de risco. As decisões estratégicas são adotadas a partir do equilíbrio ou da melhor relação entre esses aspectos.


A capacidade produtiva e a confiabilidade (RAMS) são definidas a partir da concepção dos sistemas, cabendo ao processo de gestão de ativos garantir a manutenção dos níveis de desempenho especificados.



Os resultados foram atingidos?


O Metrô de São Paulo vem obtendo os melhores índices de aprovação no segmento de transporte público. Os resultados de desempenho são referência mundial de excelência na gestão da manutenção e reconhecidos por organismos como ALAMIS (Associação Latino Americana de Metrôs), CoMET(Comunidade de Metrôs), ANTT (Associação Nacional de Transportes Terrestre) e UITP (União Internacional de Transportes Públicos).


Os processos e os sistemas de gestão da manutenção do Metrô de São Paulo são permanentemente submetidos a auditorias e sustentados por sistemas informatizados, que colocam à disposição informações gerenciais a todos os setores pertinentes.


As atividades e resultados da Manutenção são certificados por normas da série ISO: ISO 9001 (Qualidade) desde novembro de 2000, ISO 18001 (Segurança e Saúde Ocupacional) desde novembro de 2006, e ISO 14001 (Ambiental), desde julho de 2008.


Em sua opinião, a indústria brasileira tem utilizado corretamente as ferramentas da Engenharia da Confiabilidade na gestão dos custos de manutenção e de operação? Por quê?


A aplicação da Engenharia da Confiabilidade ainda está restrita às indústrias brasileiras que atuam nos mercados automotivo, aeroespacial, naval, petróleo, nuclear, de mineração e metroferroviário mais recentemente.


Acredito que o potencial na gestão do desempenho econômico em O&M ainda seja pouco explorado, limitando-se à gestão de recursos materiais e humanos. A aplicação de uma ferramenta de gestão de custos como a ABC (Actitivity Based Costing) ainda é pequena.

Como este conhecimento é difundido pelo Metrô para a equipe de colaboradores, fornecedores e clientes?

O conhecimento da Engenharia da Confiabilidade é disseminado na Gerência de Manutenção, através de palestras, treinamentos e realização de vários projetos focados no desempenho dos equipamentos que compõem o sistema metroviário.
Todos os técnicos e engenheiros do Departamento Técnico de Manutenção da Gerência de Manutenção são treinados nas ferramentas básicas de confiabilidade.

Podemos citar a participação de 520 pessoas na apresentação do projeto GIA – Gestão Integrada de Ativos na divulgação da implantação. Mais de 280 técnicos e engenheiros, das diversas áreas da manutenção, foram treinados em ferramentas como FMEA (Failure mode and effects analysis), FTA (Fault Tree Analysis) e RCM (Reliability Centered Maintenance).


É possível antecipar alguns tópicos da sua palestra?


A apresentação tem o objetivo de mostrar aspectos da Engenharia da Confiabilidade em termos de filosofia e metodologia de aplicação, abordando desde os conceitos básicos, sua evolução ao longo do tempo, até os dias atuais, onde são agregadas técnicas avançadas e inovações tecnológicas aplicadas ao projeto, modernização, operação e manutenção.


Falaremos sobre as fases de evolução da Engenharia da Confiabilidade ao longo do tempo: desempenho técnico, desempenho econômico-financeiro e foco na análise de risco, abordando os aspectos de previsibilidade, imprescindíveis ao sucesso e sobrevivência das empresas.


Vamos explorar a aplicação das técnicas de modelagem e simulações virtuais com ferramentas CAE (Computer-aided Engineering), associadas a ensaios físicos para sua validação, envolvendo ensaios estáticos, dinâmicos e técnicas de ensaios acelerados.


Apresentação do projeto GIA (Gestão Integrada de Ativos), aplicado na Gerência de Manutenção do Metrô de São Paulo.


Apresentação de “cases” do Metrô de São Paulo vivenciados na modernização das frotas de trens, tais como: Homologação dos novos engates de fabricação Voith; modernização das estruturas das caixas, salão dos carros, com implementação do sistema de ar-condicionado; repotencialização das estruturas dos truques dos trens da frota Cobrasma.

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