06 novembro 2011

Trânsito no Grande ABC terá plano para evitar colapso

O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC apresenta amanhã, durante reunião com os sete prefeitos, uma série de medidas emergenciais para minimizar os problemas enfrentados pelos motoristas no trânsito da região. A expectativa é de que as ações sejam implementadas ainda este mês.

Batizado de Operação Compartilhada, o plano tem por objetivo trazer alívio imediato aos congestionamentos até que as obras estruturais para viabilizar o transporte coletivo, prometidas pelo governo do Estado fiquem prontas. Estão na lista o Expresso ABC, Metrô Leve e modernização do Corredor ABD.

As novas diretrizes têm três pontos essenciais: melhorar a comunicação entre os agentes que controlam o trânsito nos municípios, a regulamentação da circulação de veículos de carga pesada e a revisão da localização das vagas públicas de estacionamento.

O plano foi uma maneira rápida e barata para atenuar os efeitos irreversíveis da expansão imobiliária regional. Nos últimos cinco anos, cerca de 28 mil unidades foram lançadas e atualmente 200 canteiros de obras estão em atividades, de acordo com a Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC.
"Não podemos apenas esperar as grandes obras. Essas são medidas operacionais que poderão ser colocadas em prática rapidamente e não há necessidade de investimentos estruturais para entrarem em atividade", explicou a coordenadora do Grupo de Trabalho Mobilidade do Consórcio, a arquiteta Andrea Brisida, da Prefeitura de São Bernardo.

A primeira medida do projeto do Consórcio é a comunicação compartilhada, mas não haverá a construção de central única para controlar todo o trânsito dos sete municípios. Na realidade, as companhias de tráfego vão se comunicar por meio dos métodos já existentes, como via rádio, celular, telefone e internet.

"Por exemplo, se vier a ocorrer um acidente no bairro de Piraporinha, em Diadema, as centrais de Santo André e São Bernardo serão informadas rapidamente o que reduzirá os reflexos", explica Andrea.

Além disso, a circulação de caminhões será revista e restrita. E as ruas e avenidas que apresentam maiores complicações de congestionamentos e lentidão serão regulamentadas com a proibição parcial ou total de estacionamentos. A outra alternativa será a instalação da Zona Azul. Caso esses planos não surtirem os efeitos esperados, outras modificações poderão ser cogitadas, como o rodízio de veículos.

ESTRATÉGICO

Nos próximos dias, o Consórcio lançará edital para contratar a empresa responsável por elaborar o plano intermunicipal de mobilidade urbana. O objetivo é implementar ações estratégicas que garantam a fluidez do trânsito a médio e longo prazos. O custo do projeto está em torno de R$ 1 milhão, e a previsão é de que seja entregue em seis meses após a contratação.








Diadema foi a 1ª a proibir caminhões

A Prefeitura de Diadema foi a primeira no Grande ABC a impor regulamentação para a circulação de caminhões em regiões diferentes, como no Centro e no bairro Eldorado, nos horários de segunda a sexta-feira, das 6h às 20h, e aos sábados, das 6h às 14h.
Segundo o secretário de Transportes, Ricardo Perez a medida alcançou os objetivos. "Houve aceitação tanto da parte dos motoristas dos caminhões como de veículos e, principalmente, de transeuntes", avalia Perez.
Na cidade foram instaladas 23 placas com indicações da proibição, além de faixas de orientação sobre a restrição a caminhões no Eldorado, adotada devido ao aumento da circulação de veículos pesados, um dos reflexos da abertura do Trecho Sul do Rodoanel. A comunidade apoiou a causa.
Para Ricardo Moretti, especialista em planejamento urbano, uma saída para melhorar o trânsito é o investimento em transporte coletivo. "Tem solução, mas com gosto amargo, que é a restrição de carros, mas ninguém quer adotar esse ônus político. Um exemplo é Londres, onde se adotou a cobrança de pedágio em algumas áreas da cidade."
Projetos que devem ampliar a rede de transporte coletivo devem começar a sair do papel em 2014. O Expresso ABC será a ligação rápida sobre trilhos entre a Estação da Luz, na Capital. e Mauá. O Metrô Leve sairá da Estrada do Alvarenga, em São Bernardo, e ligará a região à Estação Tamanduateí. Já o Corredor ABD, via utilizada por ônibus, terá duas ligações com o Metrô até 2015: até a estação Santo Amaro e à futura estação São Mateus. Atualmente, é ligado apenas à Estação Jabaquara.



Saneamento recebe R$ 730 milhões


O boom imobiliário exige das prefeituras não apenas rever o planejamento viário, mas também todo o sistema de saneamento. O rápido crescimento do setor - pelo menos 8.000 apartamentos estão sendo erguidos na região e cerca de 4.000 foram comercializados no primeiro semestre - impõe às empresas responsáveis pelo serviço uma corrida contra o tempo. Atualmente, as companhias investem R$ 730 milhões na ampliação e manutenção das redes.
A Sabesp, responsável pelo fornecimento de água e tratamento e coleta de esgoto de São Bernardo, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires, é a que investe a maior soma, com R$ 653 milhões no total.
São Bernardo receberá R$ 586 milhões nos próximos anos. Atualmente, apenas 27% do esgoto é tratado. A previsão é que esse número passe para 80% em 2014 e 90% no ano seguinte.
As áreas de mananciais em torno da Represa Billings sofrerão intervenções de grande porte. Um empréstimo de US$ 63 milhões da Agência de Cooperação Internacional do Japão viabilizou o Programa Pró-Billings. Com a conclusão da obras, cerca de 250 mil moradores serão beneficiados até 2015. A proposta é que o esgoto coletado da bacia seja encaminhado à Estação de Tratamento de Esgoto ABC, localizada na Capital, na divisa com São Caetano.
Para o presidente-executivo da ONG Trata Brasil, Édison Carlos, a ampliação dos investimentos é tendência em todo o País. "No passado os governos investiram para levar água a casas das pessoas. Atualmente quase 100% das residências recebem água encanada. O saneamento ficou para trás e não recebeu investimentos nos anos de 1980 e 1990. Agora a questão do meio ambiente está presente e não tem como fugir", conta.

TOTALIDADE É A META
A companhia de saneamento estadual pretende levar a coleta de esgoto a 100% das residências de Rio Grande da Serra em 2014. No total são cerca de R$ 23 milhões investidos nos projetos de melhorias da rede e ampliação.
O prazo para universalizar a coleta na vizinha Ribeirão Pires é maior. A meta deve ser batida em 2016, quando terão sido investidos R$ 50 milhões.
Em Diadema, que apresenta o menor índice de tratamentos de esgoto da região, com 13%, a implantação de 20 quilômetros de redes deve ampliar o índice até os 63%. Também estão sendo construídos três coletores troncos na cidade. A Saned, companhia de saneamento da cidade, está investindo R$ 13, 3 milhões.
A concessionária Foz do Brasil tem meta audaciosa. Tratar todo o esgoto coletado de Mauá até 2014. Para isso, investiu R$ 40 milhões.
O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) está aperfeiçoando todo o sistema com a construção de coletores-troncos em parceria com a Sabesp. A ideia é a mesma utilizada por São Bernardo: encaminhar os dejetos coletados para a ETE ABC. Para isso estão sendo injetados R$ 17,9 milhões. Além disso, o Plano de Saneamento Ambiental está sendo elaborado e trabalha com a previsão dos próximos 20 anos, incluindo a expansão imobiliária.
Apesar de ser a primeira e única cidade a contar com 100% do tratamento do esgoto, São Caetano não parou de remanejar a rede. O DAE (Departamento de Água de Esgoto) informou que trabalha na duplicação das redes de esgoto nos bairros com maior concentração de novos empreendimentos.

Desperdício precisa ser contido, diz especialista

Os especialistas ouvidos pelo Diário concordam que a região está no caminho certo e deve manter os investimentos para não enfrentar problemas no fornecimento de água.
O presidente-executivo da ONG Trata Brasil, Édison Carlos, criticou o volume de perda de água na região do Grande ABC. Cerca de 30% é desperdiçado, seja por vazamentos ou desvios (consumo irregular).
"A média do Brasil é de 37,5%; em países de primeiro mundo, não chega a 10%. Não podemos mais aceitar esses dados. A coleta e o tratamento de esgoto são obrigações para o futuro", defende.
Um dos coordenadores do Instituto de Engenharia João Jorge da Costa diz que o atraso nos investimentos em saneamento básico foi motivado por desinteresse político.
"A sociedade passou a valorizar as questões ambientais, esse é um questionamento do desenvolvimento social", comenta o especialista. "A coleta resolve o problema de saúde pública, mas não o do meio ambiente, por isso o tratamento é indispensável."

Arquivo INFOTRANSP