16 abril 2013

Prefeitura rejeita propostas do metrô e lançará nova PMI


Modelo entregue pela Odebrecht foi considerado o desejado, mas triplicaria o custo da obra de R$ 3,085 bilhões para R$ 9,5 bilhões



Proposta do consórcio Invepar/Odebrecht ultrapassou três vezes o orçamento
 
A prefeitura de Porto Alegre rejeitou as duas Propostas de Manifestação de Interesse (PMI) para a implantação do metrô da Capital, fazendo com que o processo retore à fase de estudos. 

O projeto entregue pela Bustren P.M. não atendeu aos requisitos pedidos no edital, e o do consórcio Invepar/Odebrecht, que optou pelo modelo construtivo desejado para a obra, o shield (chamado também de tatuzão), ultrapassou o valor disponível para a construção. 

A prefeitura irá lançar uma nova PMI, que agora deverá receber apenas propostas com o modelo cut and cover (cortar e cobrir), não considerado o ideal por implicar obras de maior impacto. No entanto, é o único que se enquadra nos recursos disponíveis. 

O começo da construção, previsto para até início de 2014, deve ser atrasado.

A verba garantida para o metrô é de R$ 1,9 bilhão - R$ 1 bilhão do Orçamento Geral da União, R$ 600 milhões da prefeitura e R$ 300 milhões do governo do Estado. 


O valor estipulado para a obra foi reajustado, passando de R$ 2,4 bilhões para R$ 3,085 bilhões. Mesmo assim, para a construção prevista pela Odebrecht seria necessário um valor três vezes maior.

 Os R$ 9,5 bilhões estimados para o projeto foram considerados inviáveis pelo município, pelo governo do Estado e pela presidente Dilma Rousseff, que esteve na semana passada na Capital e conversou com o prefeito sobre o tema. 

Mesmo com adaptações no projeto, os técnicos que analisaram o estudo consideraram que por menos de R$ 7 bilhões não seria possível colocá-lo em prática.

“O modelo shield consiste em escavações profundas, que geram menos intervenção na superfície, sendo que em alguns trechos nem se percebe a obra. 


Contudo, devido ao solo da cidade, as estações precisariam ficar quatro níveis abaixo das vias, o que encarece muito o projeto”, explicou Fortunati. 

De acordo com ele, o cut and cover traz grandes impactos urbanos, pois a escavação é rasa, mas, em compensação, é mais barato, com estações de menor complexidade e montadas apenas dois níveis abaixo do solo.

O secretário de Gestão, Urbano Schmitt, ressaltou que o processo não voltou à estaca zero, pois tópicos da proposta da Odebrecht, como o estudo de mobilidade, serão aproveitados. 


Sobre o cronograma das obras, que tinham previsão de começar no final deste ano ou no início de 2014, o secretário de Gestão afirma que está em aberto. “Os prazos só poderão ser definidos a partir da nova PMI. Esse processo de entrega de propostas deverá ser um pouco mais curto que o primeiro, que durou sete meses”, acredita.

O lançamento da manifestação de interesse foi feito no dia 19 de setembro de 2012, e as entregas, no dia 7 de fevereiro. 


Depois da nova PMI, a prefeitura realizará audiências públicas e lançará o edital de licitação da obra. 

O projeto deve ser concluído quatro anos após a assinatura. A parceria público-privada (PPP) prevê que a empresa vencedora também irá administrar o modal pelos próximos 25 a 30 anos.

Mesmo com as mudanças no modelo construtivo, os moldes do metrô continuam os mesmos, devendo apresentar capacidade para 1.080 passageiros e ter, no mínimo, 13 estações nos 14,88 quilômetros percorridos. 


O preço da passagem será o mesmo da tarifa dos ônibus, atualmente em R$ 2,85.

EPTC prevê desvios semelhantes aos dos corredores de BRT

A escolha do modelo cut and cover (cortar e cobrir) para a construção do metrô de Porto Alegre causará mais transtornos ao trânsito, pois a escavação afetará a superfície ao longo de todo o trajeto de 14,88 km.

O diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari, acompanhou ontem a coletiva de imprensa em que a decisão da administração municipal foi anunciada. Ele adianta que o planejamento para minimizar os impactos no tráfego já começou.

Cappellari projeta que a atuação da EPTC será semelhante à que está sendo feita nas vias onde estão sendo construídos os corredores de ônibus BRT (ônibus rápidos, sigla em inglês para Bus Rapid Transit). “Já temos a experiência dos BRTs e vamos solucionar esse problema da mesma forma, com desvios nos corredores, como já estamos fazendo nas avenidas Protásio Alves, Bento Gonçalves e João Pessoa”, compara.

Quando a linha 1 do metrô - da Fiergs até a Rua da Praia - estiver concluída, serão extintos os corredores de ônibus das avenidas Assis Brasil e Farrapos, por onde vai passar o trem subterrâneo para passageiros. 


Um dos itens previstos na proposta de manifestação de interesse é a recuperação paisagística dessas áreas, que no futuro não terão mais as estações na superfície.

Uma decisão adiada por 68 dias

A prefeitura de Porto Alegre anunciou que vai abrir uma nova oportunidade para empresas privadas encaminharem estudos para o metrô de Porto Alegre. 

A primeira, cujas propostas foram entregues em 7 de fevereiro e que teve o resultado revelado ontem, serviu para detalhar a modelagem financeira do projeto, reajustado de R$ 2,4 bilhões para R$ 3,085 bilhões.

Agora, os grupos que manifestarem interesse devem apresentar propostas para a construção da obra no sistema cut and cover (cortar e cobrir), em que o túnel por onde vai passar o metrô será mais próximo da superfície e mais barato.

Na primeira rodada, dos dois consórcios pré-habilitados, um não preencheu os requisitos - Bustren P.M. - e outro, Invepar/Odebrecht, apresentou um orçamento muito elevado, de R$ 9,5 bilhões, por ter adotado o sistema shield (tatuzão), em que a linha de metrô e as estações têm uma profundidade maior (cerca de 20 metros) e o trabalho de escavação é quase todo subterrâneo.

É compreensível que a administração municipal não soubesse que esse modelo seria tão oneroso.


O que ficou sem resposta é por que somente 68 dias após ter recebido a proposta de R$ 9,5 bilhões a prefeitura anunciou que não poderia adotá-la pelo valor elevado.

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=121584 

Arquivo INFOTRANSP