Especializada em privacidade nas redes sociais, a americana Rainey
Reitman, da EFF (Electronic Frontier Foundation), vai falar na Campus
Party sobre como governos e empresas "usam a tecnologia de formas
prejudiciais aos direitos humanos".
Diretora de ativismo da organização de defesa dos direitos civis e da
liberdade de expressão no mundo digital, a americana fará uma palestra
na Campus Party nesta quarta-feira, às 13h.
Rainey Reitman, diretora de ativismo da Electronic Frontier Foundation, durante conferência na Romênia |
"Precisamos achar formas de ensinar as pessoas a se importarem com
privacidade na rede antes que elas sejam expostas a qualquer tipo de
dano", afirma Reitman à Folha.
A ativista prevê novos problemas de privacidade com a chegada da Busca Social do Facebook, lançada em fase de testes neste mês.
O recurso permite aos usuários fazerem pesquisas bastante refinadas não
só sobre seus próprios amigos ("colegas de faculdade mais velhos do que
eu") como também sobre pessoas desconhecidas -"mulheres solteiras de 18 a
20 anos que moram em São Paulo", por exemplo.
"Às vezes, sem se darem conta, as pessoas compartilham informações
públicas sobre si mesmas no Facebook. Até então, muitos desses dados
eram difíceis de achar", afirma. "A Busca Social é particularmente
problemática porque torna todo esse conteúdo muito mais fácil de ser
descoberto e acessado."
Reitman diz esperar que campuseiros ajudem a reconstruir um projeto da EFF atualmente estacionado, o TOSBack, que monitora os termos de serviço de sites como Google e Facebook e avisa os usuários quando há alterações.
Recentemente, o criador do extinto site de armazenamento de arquivos
Megaupload, Kim Dotcom, afirmou no Twitter que a EFF está colaborando
com ele na Justiça dos EUA para que usuários do serviço voltem a ter
acesso aos seus arquivos.
Reitnam confirma a parceria. "Muitas pessoas que armazenavam conteúdo absolutamente legal no Megaupload foram prejudicadas."
A ativista diz que os usuários de internet devem se manter atentos a
iniciativas dos governos que, segundo ela, ameaçam a liberdade de
expressão com o pretexto de combater a pirataria.
"Não sei se isso vai ocorrer já neste ano, mas o Sopa e o Pipa vão
voltar", prevê ela, sobre os projetos antipirataria cuja aprovação foi
adiada nos EUA no início do ano passado após fortes movimentos de
oposição.
Quando Aaron Swartz, acusado de baixar documentos em um repositório pago
de artigos acadêmicos com a intenção de distribuí-los gratuitamente,
foi encontrado morto, neste mês, Reitman publicou um desabafo sobre o
suicídio do ativista.
"Swartz cometeu um suposto crime que não teve vítimas."