Presidente Dilma Rousseff participa na Capital do lançamento do edital para a construção do primeiro trecho do modal
A presidente Dilma Rousseff vai estar nesta sexta-feira (9) em Curitiba para acompanhar o lançamento do edital de licitação do metrô junto com o prefeito Gustavo Fruet.
A obra é uma das mais importantes de mobilidade e também o de maior longo prazo — deve terminar apenas em 2019 — e caro (custar R$ 4,5 bilhões).
Mas também é um dos passos que a Capital paranaense dá para recuperar o título de “cidade modelo e o posto de destaque por suas inovações no transporte urbano”.
Além do metrô, que inicialmente terá 17,6 quilômetros, entre o bairro
CIC-Sul e o Terminal do Cabral, a Prefeitura de Curitiba aposta também
no aumento da capacidade dos BRTs (corredores exclusivos de transporte),
na conclusão da Linha Verde e na reestruturação do Inter 2, também
conhecido como Ligeirinho.
Os três projetos custarão R$ 640 milhões. Há
ainda o Plano Diretor Cicloviário, um conjunto de ações que exigirá
investimento de R$ 90 milhões até 2016 para a instalação de
bicicletários nos terminais de ônibus e 300 km de vias para bicicletas.
A ênfase dada pela atual gestão à mobilidade urbana é grande. E não
poderia ser diferente.
No começo de 2013, Gustavo Fruet compareceu à sua
posse de bicicleta e se mostrou preocupado com a situação da cidade. “O
transporte é uma bomba relógio”, afirmou.
Agora, no seu segundo ano de
mandato, pretende investir R$ 1,848 bilhão do orçamento do município
somente no plano de mobilidade.
Contudo, para que as pessoas possam continuar se movendo, mais do que
verbas públicas — escassas e sujeitas à dificuldade de gerenciamento — é
necessário se mudar o conceito da cidade, cujo transporte ainda se
baseia em carros.
Curitiba é a capital do Brasil com maior número de
carros por moradores (1,82), segundo levantamento feito pelo
Departamento de Trânsito do Paraná (Detran).
Para iniciar essa quebra de paradigma, uma das iniciativas da
Prefeitura foi a implantação da primeira faixa exclusiva para ônibus na
cidade, que se estenderá por 2.500 metros da Rua 15 de Novembro, entre a
Avenida Nossa Senhora da Luz e a Rua João Negrão.
Uma das medidas mais
“radicais”, porém, são as chamadas Vias Calmas.
Nela, os ciclistas têm
preferência e vão transitar exclusivamente pelo lado direito da via,
sobre área demarcada.
A primeira faixa, inclusive, já começou a ser
pintada na avenida Sete de Setembro, onde a velocidade máxima permitida
entre a rua Mariano Torres e a Praça do Japão passará a ser de 30 km por
hora.
Ariadne Giacommazzi Mattei Manzi, supervisora de planejamento do
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC),
acredita que as novidades poderão encontrar alguma resistência no
início, em especial se tratando das bicicletas.
O tempo, porém, deverá
mudar a opinião das pessoas. “É uma quebra de paradigma. Antigamente só
falávamos do ônibus, do carro, do pedestre. Agora estamos incluindo as
ciclofaixas, as ciclorrotas e as ciclovias”, afirma. “No princípio, as
medidas não vão agradar todo mundo, mas depois a população irá se
adaptar. Irão perceber, por exemplo, que andando de bicicleta você vai
chegar muito mais rápido e com muito menos incômodo”, completa.
Doutor em Gestão Urbana, o professor de Comunicação Social da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Zanei Ramos
Barcellos, aponta que, apesar das diversas iniciativas da Prefeitura,
ainda há muito trabalho a ser feito na cidade.
“O prefeito foi eleito
justamente na esperança de mudança, para que Curitiba resgatasse o papel
que teve no Paraná, no Brasil e no mundo como cidade exemplo, cidade
que estava à frente de seu tempo. Contudo, ainda não vimos obras
significativas. Parece que ele só tem continuado, terminado as obras que
estavam previstas na gestão anterior”, critica.
Entre os diversos problemas na mobilidade urbana da cidade, Barcellos destaca o transporte coletivo problemático - “ineficiente e com trajetos irracionais” - que acaba por fazer as pessoas preferirem encarar o trânsito congestionado a ter de enfrentar o ônibus lotado. “Curitiba precisa ter um transporte coletivo de qualidade, que faça as pessoas optarem por deixar o carro em casa. Era essa a ideia do ex-prefeito Jaime Lerner quando ele inaugurou o ônibus expresso em 1974, mas isso nunca ocorreu. O curitibano nunca trocou o carro pelo expresso”, aponta.
Para Zanei, a construção do metrô é inevitável por conta do tamanho da Capital paranaense.
Entre os diversos problemas na mobilidade urbana da cidade, Barcellos destaca o transporte coletivo problemático - “ineficiente e com trajetos irracionais” - que acaba por fazer as pessoas preferirem encarar o trânsito congestionado a ter de enfrentar o ônibus lotado. “Curitiba precisa ter um transporte coletivo de qualidade, que faça as pessoas optarem por deixar o carro em casa. Era essa a ideia do ex-prefeito Jaime Lerner quando ele inaugurou o ônibus expresso em 1974, mas isso nunca ocorreu. O curitibano nunca trocou o carro pelo expresso”, aponta.
Para Zanei, a construção do metrô é inevitável por conta do tamanho da Capital paranaense.
Outras medidas, porém, poderiam ajudar (e
bastante) o sistema, como a bilhetagem eletrônica em ônibus, que já
existe em São José dos Pinhais, onde os usuários podem trocar de linha
sem pagar outra passagem não apenas nos terminais, o que reduz o custo e
o tempo para se chegar ao destino.
Além disso, é preciso incentivar o
uso da bicicleta como meio de transporte.
“O trânsito ainda é perigoso
para o ciclista e os trajetos não são estudados para o dia a dia de
trabalho e estudo.
Além disso, há a concepção do lazer e não de sistema
de transpórte diário”, finaliza Zanei.