A expansão do programa estadual de Integração da Segurança (Proeis), pelo qual o policial militar pode aumentar sua renda trabalhando durante a folga, virou a menina dos olhos do comandante da PM, coronel Mário Sérgio Duarte.
Já fechado com a Prefeitura do Rio de Janeiro, o projeto também chegará a outros municípios e há estudos para estendê-lo às concessionárias de serviços públicos.
Na entrevista a O Dia, o comandante fala ainda que o Bope voltará ao Complexo do Alemão antes que a UPP seja instalada lá e de projetos ousados, como a mudança de batalhões para prédios verticais.
Faz análise de momentos difíceis para a corporação e de seus dois anos à frente da tropa, que completará na quinta-feira. "Boa parte do meu tempo é aqui. Esses 'filhos' (PMs) são os que me exigem mais, mas também me dão muitas alegrias".
Coronel Mário Sérgio Duarte - A maior novidade é a expansão do Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis), que é um dos grandes avanços nesses dois anos. Fizemos uma adaptação do modelo de São Paulo, onde o policial recebe para trabalhar na folga. Num primeiro momento, a Prefeitura do Rio embarca no projeto. Só lá serão mil homens. Estudamos outras, como a de Queimados, que deve enviar ofício nos próximos dias. Macaé já enviou e há outras que já sinalizaram.
O Dia - Mas qual é a maior novidade do projeto?
Coronel Mário Sérgio - Vislumbramos a possibilidade de concessionárias de serviços públicos também receberem o Proeis. Está sendo construído, mas é quase certo que, em breve, tenhamos o Proeis para o Metrô, para a SuperVia, as Barcas e para universidades públicas que têm problemas nos seus campi.
O Dia - O valor do auxílio será o mesmo?
Coronel Mário Sérgio - O mesmo valor de R$ 150 por turno de oito horas, com um limite máximo de R$ 1.500. O policial venderia sua força de trabalho na folga, da forma mais legítima, com equipamentos cedidos pelo Estado, para que ele tenha uma remuneração melhor. Pensamos no homem que vai para o ¿bico¿ como virtuoso, alguém que quer melhorar a sua qualidade de vida, dar o melhor para seus filhos. Essa é uma forma de fazer um trabalho legal e protegido.
O Dia - Existe outra possibilidade de aumentar o salário?
O Dia - O combate à corrupção ainda é o grande desafio?
O Dia - O que a PM tem feito para evitar desvios de conduta?
O Dia - O que passa a ser atribuição da nova Corregedoria?
O Dia - É uma supervisão mais isenta?
O Dia - Isso significa que há erros na supervisão do batalhão?
O Dia - Sacudir para não fazer vista grossa?
O Dia - Há envolvimento de policiais no desaparecimento do menino Juan?
Coronel Mário Sérgio - Desaparecimento é um crime bárbaro. Se por acaso ficar constatada a participação de PMs, além do jugo da lei, nem se cogita outra punição que não seja a expulsão. Estamos com investigação, mas não temos comprovação disso. Também ajudamos na elucidação do sumiço, determinei que não se encerrem até sabermos o que aconteceu.
O Dia - O ataque aos PMs da UPP Coroa é um sinal de que a região ainda não está totalmente pacificada?
Coronel Mário Sérgio - Se você entender que pacificado é o fim do domínio do território e da submissão da população, digo que está. Não houve ataque, a ação foi da polícia, que recebeu denúncia e foi lá atuar. Havia antes uma guerra. Entrávamos na favela, combatíamos, morríamos, matávamos criminosos, inocentes. Um dia esse troço ia acabar. Está acabando. As áreas estão pacificadas, mas não isentas de crime. Isso tem que ficar claro.
O Dia - O senhor disse que pretende retirar os fuzis das favelas ocupadas. Não é necessário primeiro tirar o armamento pesado das mãos dos traficantes?
O Dia - Mas esse episódio mostrou que ainda há armas nas áreas pacificadas. No Complexo do Alemão, por exemplo, será preciso uma nova operação para implantar a UPP?
Coronel Mário Sérgio - A Força de Pacificação do Exército fez um trabalho muito bom. O que não implica que não façamos uma adaptação com o Bope, mais por questões de orientação de tropas. Armas escondidas ninguém pode garantir que não tem. Tiramos muito, mas o Alemão era o grande castelo do narcotráfico no Rio.
O Dia - E como reduzir os crimes em áreas sem UPP, como Zona Oeste e Baixada?
Coronel Mário Sérgio - Temos feito prisões e mudado o patrulhamento. Fizemos descentralização em que tiramos as companhias e colocamos em locais para irradiar o policiamento. Inauguramos no Morro Azul e, nas próximas semanas, no Camarista Méier. Onde há criminalidade, mas não necessita de UPP, colocaremos uma companhia.
O Dia - Era necessária a intervenção da PM no quartel dos bombeiros? Ficou saia justa entre as corporações?
O Dia - E qual o balanço desses dois anos?
Não é preciso ter campo de futebol. Podemos compartilhar com prédios privados, desde que seja independente, com cuidado para armamento e estacionamento.
O governo cede terreno para empresas, que constroem os prédios e cedem espaço para a PM.
Coronel Mário Sérgio - É necessário esclarecer que não foi um pedido do governador. É um protocolo, toda vez que tem massa, usamos o Batalhão de Choque. Era necessário dar segurança ao quartel, trabalhar com precaução. Continuamos vendo os bombeiros como heróis, tanto que meu filho está lá. Quando saí de casa aquele dia, ele me disse: "pai, não esquece que sou bombeiro". Mas o fato está superado e o momento é de conciliação.
Coronel Mário Sérgio - Por mais que aperfeiçoemos o sistema, acho que vamos esbarrar sempre nisso porque é o ser humano. A gente não tem um terreno onde lança sementinha e nascem PMs. Recrutamos homens com experiências pessoais. Muitas vezes, no início, a gente vê más intenções, porque as pessoas trazem personalidades e experiências.