03 janeiro 2011

Portugueses alteraram os seus hábitos de condução por razões económicas

 
A Europcar, empresa de aluguer de viaturas, lançou as conclusões da 3ª edição do Observatório Europcar sobre Transporte e Mobilidade realizado em parceria com o instituto de sondagens Ipsos.  

Especificamente sobre o mercado português o estudo da Europcar revela que tal como em 2009, mais de nove em cada 10 portugueses alteraram os seus hábitos de condução por razões económicas. Contudo, nove em cada 10 também o fizeram por motivos ambientais. Importante realçar que Portugal é um dos países mais interessados em conduzir veículos amigos do ambiente (74% por oposição a 64% na Europa). Apesar de os portugueses serem os europeus mais dependentes da sua viatura própria, Portugal está no caminho certo para o abandono da posse de veículo próprio. De facto, apesar de 70% dos condutores afirmarem gostar de ter um carro, esta percentagem desceu 11 pontos deste 2009. 36% dos portugueses já consideraram abdicar de pelo menos um dos seus veículos, um número ligeiramente inferior ao valor europeu (39%) mas com um crescimento de 5 pontos face a 2009.

Os portugueses que não alugaram um veículo nos últimos 12 meses afirmam que se o aluguer fosse mais acessível e houvesse a possibilidade de pagamento com base no tempo real de uso do veículo alugado, alugariam um automóvel (68% por oposição a 46% na Europa).

A sondagem revela que nove em cada 10 condutores europeus afirmam ter alterado a sua forma de conduzir nos últimos 12 meses por razões de custos. Tal como no ano passado, os Franceses e os Portugueses alteraram os seus hábitos de condução muito devido a esta mesma razão, 94% e 93%, respectivamente, comparativamente a 90% para a totalidade dos europeus.

À semelhança do ano passado, cerca de 82% dos inquiridos disseram ter alterado os seus hábitos de condução por razões ambientais. Os franceses e os portugueses também lideraram nesta área, com 89% e 87%, respectivamente, enquanto o Reino Unido obteve a percentagem mais baixa de condutores a alterarem os seus hábitos por razões ecológicas, com apenas 76%.

O documento da Europcar revela que a relação do condutor com o seu veículo próprio está a alterar-se. Cerca de 40% dos condutores europeus estão a considerar prescindir de um dos veículos do seu agregado doméstico – um nível equivalente ao do ano passado. Em 2010, os italianos atingiram o topo da lista entre os inquiridos que dizem conseguir abdicar de um dos seus carros com 54%, seguidos pela Espanha (48%), França (38%) e Portugal (36%). A Alemanha e a Bélgica ficam na última posição desta categoria, com 38% cada. Tal como no ano passado, a principal razão subjacente a uma medida tão extrema continua a ser o custo de propriedade: 81% dos inquiridos dispostos a prescindir de um dos seus veículos disseram que poderia ser por razões financeiras, em comparação a 48% que afirmaram considerações ambientais.

Em áreas urbanas, com populações superiores a 200,000 habitantes, 45% dos condutores estão a considerar ou poderiam considerar abdicar de pelo menos um dos veículos do seu agregado doméstico nos próximos 12 meses. A Itália surge em primeiro lugar com 56% dos inquiridos, seguida da França (51%), Espanha (49%), Reino Unido (47%), Portugal (36%) e Bélgica (29%).

Uma das novas tendências reveladas no Observatório de 2010, é que os condutores estão a começar a repensar a relação que têm com o seu veículo. De acordo com a sondagem, 58% dos inquiridos sentem que nos dias de hoje um carro lhes dá liberdade e independência, comparativamente a 62% em 2009. Na linha da frente desta tendência decrescente encontram-se o Reino Unido (61% “concorda totalmente” em 2010, valor inferior aos 69% de 2009) e a Alemanha (54% “concorda totalmente” em 2010, valor inferior aos 57% registados no ano passado). Além disso, uma menor proporção de entrevistados disse que gosta de possuir o seu próprio carro (57%, valor inferior aos 60% de 2009). Mais uma vez, isto é em grande parte observado no Reino Unido (66% “concordaram totalmente” em 2010, valor inferior aos 73% de 2009) e na Alemanha (55% em 2010, valor inferior aos 61% de 2009).

A sondagem revela que em termos de estratégias de mobilidade, 82% dos inquiridos recorreriam a transportes públicos (autocarro, metro, eléctrico). Para um transporte individual motorizado, o aluguer de viaturas foi a alternativa de maior preferência com 48% - e até 54% e 52% em Espanha e França, respectivamente – seguido da partilha de carros ou carpooling (45%), veículos motores de duas rodas (37%), e carros disponíveis em self-service (32%).

Em áreas urbanas com mais de 200,000 habitantes, 70% dos inquiridos já utilizam transportes públicos quando é possível fazê-lo, por razões económicas (vs 55% da generalidade dos europeus).

A sondagem revelou que os novos serviços que visam tornar o processo de aluguer ainda mais prático, tal como a realização de reservas e a localização das viaturas de aluguer mais próxima através do telemóvel, e uma tarifa calculada à hora ou ao minuto, aumentaria a possibilidade de cerca de 57% dos europeus e 63% dos residentes urbanos alugarem um carro.

Esta sondagem, cuja intenção é compreender as práticas europeias nesta área e identificar novos tipos de comportamentos, é baseada nas respostas de mais de 6127 condutores de automóveis, com idade igual ou superior a 18 anos, em sete países europeus:  Bélgica (515 inquiridos), França (1020), Alemanha (1019), Itália (1011), Portugal (507), Espanha (1055) e Reino Unido (1000).

Arquivo INFOTRANSP