Data: 10/11/2010
Em 2014 serão iniciados os jogos da Copa do Mundo em solo brasileiro. Está previamente certo que doze capitais receberão as partidas e algumas cidades próximas serão destinadas para as acomodações e treinos das seleções. Dois anos depois, em 2016, o Rio de Janeiro volta a trabalhar abrindo as portas para as Olimpíadas. A partir do ano que vem, entramos em uma nova década, com a transição de um novo governo e a quatro anos de abrigar o evento de maior popularidade mundial. O Brasil está pronto?
Para responder a essa questão, as associações Brasscom e Telecomp encomendaram um mapeamento, feito pela consultoria AT Kearney, com amostragem em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Desde a nomeação do Brasil como sede oficial da Copa do Mundo de 2014 muito se tem discutido sobre a infraestrutura brasileira. Os aeroportos foram considerados as três principais prioridades para que tudo ocorra bem por aqui. Sim, isso é o mais importante, mas será que só a estrutura aeroportuária está defasada no Brasil? A pesquisa apresentada diz que não.
Todas as tecnologias serão muito mais avançadas em 2014, logo, deverão estar disponíveis para todo o público que desfilar por nossas terras. “Tecnologia da Informação e Comunicação representa 3,5% do PIB atualmente e deve saltar para 5,3% em 2020, com um valor estimado de R$ 120 bilhões. Temos uma janela de oportunidade de dez anos, não podemos perder o bonde”, analisa o presidente da Brasscom, Antônio Gil.
Dos R$ 57 bilhões previstos para investimentos, apenas 10% é destinado à tecnologia. Isso sem contar o Trem de Alta Velocidade (TAV), que ligará São Paulo ao Rio de Janeiro, com um valor estimado em mais de R$ 35 bilhões. Gil ressalta que a preocupação com os estádios tem sido significativa, embora não suficiente. Citou o novo estádio que será construído na zona leste de São Paulo, e está estimado em R$ 200 milhões, mas ninguém pensou em banda larga. “TIC não está na agenda de ninguém! As pessoas ainda não perceberam a importância”, salienta o diretor de Infraestrutura e Convergência Digital da Brasscom Nelson Wortsman.
Segundo o diretor, o foco das associações é o legado das obras e serviços criados para a Copa e para as Olimpíadas. Wortsman ressalta que não adianta investir milhões em um novo estádio e oferecer comunicação e banda larga falhas, pois jornalistas de todo o mundo falarão mal disso.
Oportunidades
* Fonte: AT Kearney
O sócio da empresa AT Kearney, Antonio Almeida, acredita que a conquista da Copa e dos Jogos Olímpicos é uma grande oportunidade para marcar o país como uma potência mundial. Ressaltou que a maior dificuldade virá nas Olimpíadas, principalmente nas transmissões em 3D e com interação, pois serão diversas modalidades de esportes transmitidos ao mesmo tempo.
Almeida explicou ainda o conceito de Fan Fest, que foi muito utilizado na África do Sul, na Copa do Mundo de 2010, e a Fifa também fará no Brasil. Fan Fest é um espaço alternativo para que as pessoas que não consigam entrar nos estádios possam acompanhar os jogos em uma grande tela 3D em um espaço que terá infraestrutura adequada para recebê-las. Exemplificou com a capital paulistana que, mesmo com o novo estádio tendo capacidade para 70 mil pessoas, precisará de nove a onze Fan Fests.
Já está decidido que os Centros de Mídia e Centro Internacional de Rádiofusão serão sediados no Rio de Janeiro. O que precisa ser analisado o quanto antes, segundo os empresários, são as tecnologias e comunicações que serão utilizadas nesses espaços.
A tecnologia também deve ser utilizada para prover segurança. “O Brasil não é alvo de terrorismo, mas esses eventos são”, diz Almeida.
O empresário diz que o investimento nos aeroportos já será algo somente para a Copa, principalmente os que não estão em grandes capitais, como Rio e São Paulo, pois após os jogos não haverá demanda, mas ainda assim é necessário. “A maior preocupação com os aeroportos é que se começar agora vai terminar em cima da hora”, diz. As outras obras, no entanto, devem ser feitas visando o legado.
Almeida ainda ressaltou que uma das grandes surpresas foi não encontrar os governantes preparados para discutir TIC. Diante disso, empresas que compõe as associações Brasscom e Telcomp têm ido diretamente às prefeituras e lideranças governamentais apontar as deficiências tecnológicas da região e apresentar soluções.