10 janeiro 2011

Trem com combustível descarrila em Bauru e explosão deixa quatro feridos

O descarrilamento de duas locomotivas e um vagão carregado com combustível no Horto Aimorés, nas proximidades do Distrito Industrial 2 de Bauru, por volta das 6h de ontem, causou, menos de duas horas depois, um acidente ainda mais grave: parte da gasolina transportada no vagão e do óleo diesel das locomotivas vazou, caiu num córrego e, a cerca de um quilômetro do local do descarrilamento, ao lado de uma estrada de terra, explodiu. Cinco veículos foram atingidos pela explosão que deixou quatro pessoas feridas, entre elas, uma em estado grave. O condutor da locomotiva sofreu ferimentos leves. A área da explosão continuava isolada até o fechamento desta edição devido aos riscos de novos incêndios.

“O barulho foi tão forte que até parecia um trovão”. “Eu só vi aquela língua de fogo de metros de altura”. Frases como estas se misturavam com o forte cheiro do combustível sentido no local horas após o acidente. “Ninguém sabe explicar o que aconteceu. Meu genro saiu de casa para levar minha filha ao trabalho e o carro dele está aqui com os outros. Não sei nem se eles estão machucados. Não sabemos o que aconteceu ao certo”, disse uma das moradoras da região que preferiu não se identificar.

Uma das possibilidades, que inclusive consta no boletim de ocorrência, é que a explosão ocorreu quando a motorista de um dos carros que estavam nas proximidades do combustível acumulado, Ana Roberta Venâncio, deu partida no veículo.

De acordo com a assessoria de imprensa da América Latina Logística S/A (ALL), responsável pela malha ferroviária na região de Bauru, o descarrilamento ocorreu por causa da chuva de anteontem. A terra sob os trilhos cedeu em um ponto, o que levou o trem a descarrilar. A empresa informou que será aberta sindicância e que dentro de 30 dias um laudo técnico apontará o que ocasionou a queda do aterro sob os trilhos e a explosão.

Para o prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB), que esteve no local pouco depois da explosão, o dano ambiental pode ser grande. “A vida aquática da região pode ter ficado comprometida e tenho receio de que parte desse combustível chegue até o rio Tietê - o córrego onde o combustível caiu é afluente do rio Bauru. Já conversei com o gerente da ALL. Não podemos ter acidentes na linha férrea com tanta frequência”, disse.

Para o prefeito, a causa do acidente pode ser trilhos sem segurança e salienta que reforma e manutenção da linha férrea ainda são tímidas por parte da ALL. “Os dormentes estão bastante danificados. Alguns, podres. Imagine se um acidente desse acontece em lugares mais urbanizados?”, preocupa-se.

Segundo a assessoria de imprensa da ALL, somente em 2010 foram investidos R$700 milhões em melhorias para o aumento da produtividade e segurança na movimentação ferroviária de cargas, cerca de 40% deste montante foram destinados à malha no Estado de São Paulo.

A empresa está dentro do prazo para recuperar e adequar a estrutura das vias férreas por ela administrada, como determina liminar concedida pela Justiça Federal no último dia 16 de dezembro. O prazo é de 90 dias após a notificação da empresa.


Vazamento De acordo com o Corpo de Bombeiros, o vagão que descarrilou e tombou continha 90 mil litros de gasolina e cada locomotiva cerca de 10 mil litros de óleo diesel. Até o fechamento desta edição, ainda não se sabia ao certo a quantidade de combustível que caiu no córrego.

Porém, informações extra-oficiais apontam que 90% dos líquidos inflamáveis escorreram pelo córrego, ocasionando danos ambientais. Além da presença de diesel e gasolina no córrego, a explosão danificou a vegetação.

Para avaliar o impacto do acidente no meio ambiente, técnicos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) estiveram no local para análises preliminares. As primeiras conclusões confirmam que o meio ambiente realmente foi prejudicado, mas em proporções menores do que o imaginado. 

Arquivo INFOTRANSP