10 janeiro 2011

Custo de vida em SP tem maior aumento desde 2004

Custo de vida em SP tem maior aumento desde 2004
Os alimentos foram os maiores responsáveis pelo custo de vida mais caro na cidade. (Foto divulgação)
ICV aumentou 6,91% em 2010; mais pobres foram os que mais sentiram inflação no bolso

Viver em São Paulo ficou mais caro em 2010. Os gastos que os paulistanos tiveram com alimentação, moradia, transporte, roupas e outras despesas aumentaram 6,91% no ano passado na comparação com 2009, como mostra o ICV (Índice de Custo de Vida). A variação foi a maior em seis anos, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

O aumento no preço dos produtos e dos serviços na capital paulista superou até o aumento da inflação. No ano passado, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 5,91%. Em 2004, o ICV subiu 7,7%, enquanto a inflação do IPCA, 7,6%.

Os alimentos foram os maiores responsáveis pelo custo de vida mais caro na cidade. A variação média no preço da comida em 2010 foi de 11,95% em relação a valor dos produtos medidos um ano antes.

O grande vilão dos aumentos foram os alimentos naturais (in natura) e os semielaborados (os preços subiram 16,7%). Itens como feijão, carne, laranja e frango tiveram fortes aumentos desde o começo do ano passado e empurraram os preços para cima. O preço do feijão, por exemplo, cresceu 66,5% em um ano.

Também foi expressivo o aumento verificado para o subgrupo alimentação fora do domicílio (11,52%), resultado de elevações da refeição principal e dos lanches.

Mas não foi só a comida que encareceu. Os gastos também subiram em habitação (6,68%), educação e leitura (5,48%) e saúde (5,45%). No caso dos gastos com moradia, os impostos, o condomínio e o valor da locação foram os que mais cresceram (12,21%); estudar ficou 5,9% mais caro; remédios e assistência aumentaram 5,74% e 5,39%, respectivamente.

O valor do transporte também aumentou (4,25%), com a variação forte do coletivo. O preço dos bilhetes e das passagens de ônibus e metrô aumentaram 11,96% no ano. Ter o próprio veículo ficou 1,15% mais caro, segundo o Dieese.

A boa notícia foi a queda ou o aumento pequeno nos preços de Vestuário (0,61%), Recreação (0,51%) e Equipamento Doméstico (-1,02%). Eletrodomésticos e roupas ficaram mais baratos devido ao dólar fraco e ao aumento da concorrência dos importados no mercado brasileiro.

- Os preços destes itens sugerem que seus setores produtivos devem estar sofrendo forte concorrência dos produtos importados, não apenas pelos seus baixos valores, mas também, pela queda na taxa cambial em 2010.

Pobre sofre mais

O pobre é o que mais sofreu com o aumento no custo de vida. A pesquisa do Dieese leva em contra três estratos da população da cidade, tendo como base seus rendimentos.

Para quem ganhou em média R$ 377,49 (que corresponde um terço das famílias mais pobres da cidade), o custo de vida avançou 7,67%. Os alimentos foram os maiores responsáveis pelo aumento do indicador, mas também pesaram os transportes e a moradia. Os equipamentos domésticos, por outro lado, ficaram mais baratos e foram sentidos no bolso deste estrato da pesquisa.

A segunda parcela da população avalia o custo de vida de quem ganhou, em média, R$ 934,17 no ano passado. Para este grupo, os preços subiram 7,44%. Alimentos e habitação também pesaram no orçamento, mas o custo dos tranportes subiu menos do que o do grupo mais pobre.

As famílias que ganharam em média R$ 2.792,90 no ano passado viram os preços do custo de via avançarem 6,49 - menos do que a média geral. Nesta categoria, os alimentos e a habitação foram os que mais encareceram, enquanto o gasto com transportes tenha aumentado bem menos do que para os outros dois grupos.

Este grupo viu os aumentos superarem o das outras classes em categorias de gastos como educação, moradia e despesas pessoais (que engloba produtos e serviços como higiene e beleza, fumo e acessórios).